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Apagão virtual histórico: colapso em sistema de computadores leva caos a bancos, hospitais e aeroportos

As três maiores companhias aéreas americanas suspendem todos os voos. Em partes do mundo, cartões de embarque são escritos à mão. A solução do problema pode levar dias

Publicada em 20/07/2024 as 08:16h por Por Jornal Nacional
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 (Foto: Reprodução)

Um apagão na internet, que nunca tinha acontecido na história, espalhou na sexta-feira (19) o caos pelo mundo. Foi uma falha em um sistema de segurança de uma empresa americana chamada CrowdStrike. Esse erro afetou computadores que usam o sistema operacional Windows, da Microsoft, e essa pane acabou provocando muita confusão na vida de milhões de pessoas.

 

Não é exagero: de certa forma, o mundo parou, saiu do normal. Tela azul, pane nos sistemas. Caos em setores cruciais – hospitais, mercados, bancos, transportes. Tudo por causa de um programa de computador.

 

As três maiores companhias aéreas dos Estados Unidos - a American Airlines, a United e a Delta – suspenderam todos os voos por horas. Um site que monitora o tráfego aéreo mundial mostrou o impacto do apagão na maior economia do mundo.

 

 

Em vários países, voltamos no tempo. Na Índia, cartões de embarque escritos à mão. A Austrália precisou acionar o mesmo mecanismo de crise da época da pandemia. Os muitos transtornos pelo mundo podem durar dias.

 

Sabe quando a gente desliga o computador e ele avisa que antes vai só atualizar uns programas antes? O que aconteceu nesta sexta-feira (19) foi que, quando as empresas ligaram seus computadores de manhã, deu a famosa tela azul - erro dos grandes, daqueles que travam as máquinas. A falha foi em um software muito importante, usado no mundo inteiro, chamado Falcon, da empresa americana CrowdStrike.

 

 

É uma tecnologia que fica armazenada na nuvem - uma vasta rede de computadores. O programa é usado por bancos, grandes empresas, e protege a navegação na internet - os sites que nós acessamos, as mensagens, os arquivos anexos que chegam nos e-mails. O Falcon faz varreduras para detectar e impedir invasões de vírus e hackers.

 

 

 

Mas, nessa sexta-feira (19), a atualização do Falcon não conversou com o sistema Windows da Microsoft. Foi como se os computadores tivessem superaquecido - e travaram.

 

 

 

 

Especialista em tecnologia, o advogado Ronaldo Lemos explica que o estrago foi grande desse jeito porque o problema atingiu os computadores que usam o sistema operacional mais popular do mundo: o Windows, da Microsoft - que teve todos os seus serviços interrompidos.

 

 

 

Ronaldo conversou com o Jornal Nacional de Roma, onde ia só fazer uma

conexão. Mas teve que ficar por lá porque o apagão bagunçou os voos na Itália.

 

 

 

"A gente já viu, por exemplo, serviços de rede social serem derrubados ou pararem de funcionar, às vezes por um, dois, três dias. Mas tudo bem, você consegue contornar. Existem alternativas, né? Você não está conseguindo mandar mensagem em um determinado serviço, você vai lá e usa outro. Agora, se é o seu sistema operacional que para de funcionar, e tudo o que você tem roda em cima daquele sistema operacional, você não tem para onde correr. Então, esse problema é um problema grave porque ele afeta um pilar da infraestrutura da internet, em cima do qual todos os outros serviços são construídos", afirma Ronald Lemos, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade.

 

 

Em um comunicado, a CrowdStrike, dona da ferramenta Falcon, disse que estava ciente das falhas do equipamento destinado ao sistema Windows. Afirmou que uma correção foi implementada, mas que pode levar algum tempo até que os sistemas voltem a funcionar totalmente.

 

 

 

 

Em entrevista à rede americana NBC, o CEO da CrowdStrike, George Kurtz, afirmou que o problema não foi causado por um ciberataque. Ele falou que será necessário um conserto manual nas máquinas da empresa e disse que “lamenta profundamente” o impacto global causado pela falha na atualização do software.

 

 

A CrowdStrike é uma empresa dos Estados Unidos com mais de 24 mil clientes. A Microsoft, que contrata os serviços da CrowdStrike, afirmou no início da tarde que a falha já estava resolvida, mas que problemas residuais ainda podiam ocorrer.

 

 

Da Oceania até o Alasca, foram grandes os impactos desse apagão tecnológico na vida das pessoas. No Reino Unido, já seria um dia de aeroporto cheio. Está começando o período de férias escolares. É verão no Hemisfério Norte. Com o apagão, ficou tudo do avesso – como em um aeroporto em Londres. Voos cancelados, voos atrasados, e gente esperando horas e horas.

 

 

Um passageiro era só lamento: voo cancelado. Ele ia visitar a família na Romênia no fim de semana. Um outro passageiro estava há oito horas esperando um norte da companhia aérea.

 

 

Uma falha de uma empresa e o mundo todo com problema. O Reino Unido foi um dos países mais impactados. O sistema que agenda consultas no serviço público de saúde parou de funcionar. Uma rede de hospitais declarou incidente crítico e cancelou cirurgias eletivas e sessões de radioterapia.

 

 

 

O apagão também atingiu o sistema de pagamento com cartão de crédito em lojas e farmácias. Mais do que nunca, era importante se informar. Mas o apagão também prejudicou o setor de telecomunicações. A rede de TV britânica Sky News, um dos canais mais importantes do Reino Unido, saiu do ar. Não conseguiu fazer transmissão ao vivo e pediu desculpas aos telespectadores.

 

 

 

 

 

 

Apagão pelo mundo

 

 

 

A pane virtual apagou os telões mais conhecidos do mundo. No coração de Nova York, a Times Square ficou irreconhecível.

 

 

A famosa tela azul de erro se espalhou pelo mundo: lojas de telecomunicações, bancos, aplicativos. Muita coisa parou. Mas o maior caos foi mesmo pelos aeroportos. Em todo o mundo, mais de 4 mil voos foram cancelados e quase 40 mil atrasaram até a noite de sexta-feira (19), segundo a FlightAware - a empresa que monitora o tráfego aéreo mundial.

 

 

 

Olhos no painel e no embarque nada rápido se repetiram no mundo todo. Filas enormes se formaram no aeroporto de Barajas, o maior da Espanha. E a cena se repetiu em cidades como Berlim, Amsterdã e Sydney. Na Ásia, os passageiros tiveram que ter muita paciência em Kuala Lumpur e em Hong Kong.

 

 

 

Em Portugal, o cenário também foi de muita fila, desinformação e voos cancelados. No início do dia, as companhias aéreas só conseguiram fazer check-ins à mão.

 

 

"Devido ao problema de não ter conseguido fazer o check-in ontem à noite, eu preferi chegar um pouco antes ao aeroporto, porque eu sabia que ia haver filas. Mas correu tudo bem com o check-in”, conta a empresária Tarsila Filgueiras.

Na Suíça e na França, os efeitos diretos foram moderados. Ainda assim, as consequências afetaram as operações.

 

 

 

Na Suíça, por precaução, a controladora de tráfego aéreo chegou a reduzir temporariamente as operações em 30%. O aeroporto de Genebra não teve dificuldades técnicas, mas sofreu um efeito cascata, com muitos atrasos e alguns cancelamentos. Isso em uma sexta-feira de um aguardado verão que custou a chegar, e em meio às férias escolares. Uma família contou que só conseguiu remarcar o voo para a Noruega para daqui a quatro dias.

 

 

 

 

Na França, o comitê organizador dos Jogos Olímpicos de Paris, que começam daqui a uma semana, confirmou que foi afetado de forma moderada pelo apagão cibernético. O sistema de credenciamento foi o mais atingido. Também houve problemas na distribuição de uniformes, e a organização teve que acionar planos de contingência para garantir a continuidade das operações.

 

 

Os dois principais aeroportos da França ficam na região de Paris e, desde quinta-feira (18), delegações e atletas de países do mundo inteiro estão chegando à capital francesa. Os dois aeroportos registraram atrasos e suspensão temporária de voos. Em Berlim por exemplo, atletas da Alemanha não conseguiram embarcar para Paris.

 

 

A tela azul nos computadores das companhias aéreas também provocou algumas filas em aeroportos brasileiros.

 

 

"Estou aqui, tentando ver se eles me realocam em uma outra empresa que eu consiga chegar hoje a Petrolina, porque se não eu vou perder o trabalho lá", contou o artista João Carlos Artigos.

 

 

"Perdido totalmente. Porque não tem nem informação para saber... Pegar essa fila aqui gigante", disse o engenheiro Alexsandro Cerqueira.

 

 

"Eu já vim preparado porque ia demorar um pouco. Mas tem que esperar", afirma um outro passageiro.

 

 

A companhia aérea Azul afirmou que registrou atrasos pontuais, lamentou os transtornos e disse que todos os passageiros vão receber assistência. A Gol e a Latam disseram que não foram afetadas pela pane global.

 

 

 

A Agência Nacional de Aviação Civil também disse que os problemas foram pontuais. Mesmo assim, orientou passageiros - como medida de precaução - a verificar a situação dos voos no site das empresas.

 

 

Problemas ainda nos computadores dos portos de Pecém, no Ceará, e em um dos onze terminais de contêineres de Paranaguá, no Paraná. A fila de caminhoneiros chegou a 8 km com espera de nove horas. A situação já foi normalizada.

 

 

 

A Federação Brasileira de Bancos disse que o apagão não comprometeu os serviços de modo relevante e os problemas pontuais foram resolvidos rapidamente.

 




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