A comunidade escolar do Rio Grande do Sul ainda tenta se reerguer após as enchentes que assolaram o estado ao longo de maio terem inundado instituições de ensino, deixando milhares de alunos sem aulas. Um mês após a tragédia climática, mais de 6,9 mil estudantes permanecem fora das salas de aula, segundo dados da Secretaria Estadual de Educação (Seduc).
Um dos motivos é a situação das escolas. Ao todo, 17 estão fechadas, sendo que uma delas está em Porto Alegre. O Colégio Estadual Cândido José de Godói atende 323 alunos na Zona Norte da Capital, uma das instituições mais atingidas. A limpeza no local sequer começou – e não há perspectiva de retomada das aulas.
"Há um abandono, uma demora. Parece que nós somos os últimos a serem atendidos", conta a vice-diretora da instituição, Maria Luiza de Castro.
A educadora conta que o governo do estado foi notificado, via ofício, da situação. Todo o primeiro andar inundou, destruindo tudo que havia na ala administrativa, laboratórios e refeitório.
Um mês depois, nada foi feito. Uma nova cobrança aconteceu por parte da direção e, então, houve encaminhamento de R$ 40 mil pelo governo do estado, valor que deve ser usado para a limpeza – uma empresa deve ser contratada. Enquanto isso, os alunos fazem atividades online.
Com relação à situação do Colégio José de Godói, o g1 pediu um posicionamento da Seduc, que disse ter liberado "a parcela extra de autonomia financeira para que as escolas contratassem serviços de limpeza". Também afirmou que "o governo liberou 6 milhões de reais para a compra de mobiliária e as entregas começaram na semana passada".
"Mas nem todos podem participar. Muitas famílias estão em abrigos. Ou perderam tudo e não têm como acessar a internet. É uma situação muito complicada", afirma a vice-diretora.
O governo do RS divulgou que o recurso financeiro repassado é referente ao programa "Agiliza", "verba extra de autonomia financeira encaminhada nas últimas duas semanas".
Os temporais e as cheias que atingiram o Rio Grande do Sul entre o final de abril e maio deixaram 178 vítimas, segundo o mais recente boletim da Defesa Civil, divulgado na segunda-feira (24). O estado ainda contabiliza 34 pessoas que seguem desaparecidas e 806 que ficaram feridas.