Pessoas que estão atuando em grupos de resgates a animais em locais atingidos por enchentes ou nos abrigos a esses animais devem procurar uma unidade de saúde ou profissionais da área nos municípios e se informar sobre locais de vacinação contra a raiva. A orientação é do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), vinculado à Secretaria da Saúde (SES).
A profilaxia pré-exposição já é recomendada para profissionais expostos ao vírus durante a rotina normal de trabalho – como veterinários, biólogos, profissionais de laboratório de virologia e anatomopatologia para raiva. Contudo, a medida foi agora ampliada no Rio Grande do Sul em razão da situação de calamidade causada pelas enchentes.
“Com os animais sendo resgatados e mantidos em abrigos, os riscos de acidentes por mordidas de cães aumentam, e muitas vezes a observação desses animais por dez dias não é possível, ou é dificultada. Por isso ampliamos o público-alvo”, explica a bióloga do Cevs Rosana Huff.
Pessoas que já se vacinaram anteriormente tanto pela pré quanto pela pós-exposição ao vírus da raiva (depois da mordida de animal) não precisam se vacinar novamente. Caso a pessoa sofra algum acidente envolvendo mordeduras, a secretaria de Saúde do município deve ser informada para acompanhamento do caso e indicação de profilaxia pós-exposição, de acordo com a situação.
Raiva
A raiva é uma doença infecciosa viral aguda grave, que acomete mamíferos, inclusive o ser humano, e caracteriza-se como uma encefalite progressiva e aguda com letalidade de aproximadamente 100%. É causada pelo vírus do gênero Lyssavirus, da família Rabhdoviridae.
A doença é transmitida ao humano pela saliva de animais infectados, principalmente por meio da mordedura, podendo ser transmitida também pela arranhadura ou lambedura.
No ser humano, o vírus da raiva pode permanecer incubado por um tempo que dura em média 45 dias, período em que, apesar de infectada, a pessoa não apresenta sintomas. Especificamente na raiva humana, os sintomas iniciais são:
* dor no local do ferimento (onde houve a mordedura ou arranhadura);
* dor de cabeça;
* febre;
* náusea;
* perturbação do sono;
* alterações de comportamento.
Posteriormente, os sintomas se agravam e evoluem para alucinações, espasmos musculares involuntários e convulsões. Também é característica a condição de sialorreia intensa, ou salivação excessiva, que é causada por espasmos dos músculos da laringe, faringe e língua quando o paciente vê ou tenta ingerir líquido. Ainda, os espasmos musculares se intensificam evoluindo para um quadro de paralisia que leva a alterações cardiorrespiratórias, urinárias e intestinais.
A evolução da doença é bastante rápida, podendo levar o paciente a óbito entre dois e sete dias a partir do aparecimento dos sintomas.