A Prefeitura de Pelotas informou que às 19h desse domingo (12) o canal São Gonçalo chegou a um nível que não registrava há 83 anos: 2,88 metros, exatamente a cota da histórica enchente que castigou Pelotas em 1941. O canal vem em uma crescente desde às 7h. A tendência, de acordo com especialistas da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) que atuam na Sala de Situação do 9º BIMtz, é de que o número ultrapasse este índice ainda na noite de domingo.
Conforme a pesquisadora e hidróloga Tamara Beskow, o aumento se deve a três fatores: vento, chuvas e maré. “Com a maré alta, a água do canal começa a acumular. Junto com ela os ventos acabam favorecendo este acúmulo e, além disso, tivemos fortes pancadas de chuvas, que tem como ponto final do nosso sistema de drenagem, o canal”.
O Município mantém o informe de que as diversas áreas que já estavam na classificação de risco vermelho para inundação, no mapa disponibilizado pela Prefeitura, devem evacuar essas regiões imediatamente. A saída das pessoas facilita o trabalho de resgate pelas equipes de bombeiros, em caso de uma inundação súbita.
São várias áreas a serem evacuadas imediatamente:
– Laranjal (Santo Antônio, Valverde e Pontal)
– Colônia Z3
– Vila da Palha
– Cruzeiro
– Recanto de Portugal
– Marina Ilha verde
– Charqueadas
– Umuharama
– Estrada do Engenho
– Lagos de São Gonçalo
– Parque Una
– Navegantes
– Ambrósio Perret
– Mário Meneghetti
– Balsa
– Fátima
– Village Center JK
– Doquinhas
– Quadrado
– Ceval
– Mauá
– Loteamento Osório
– Pântano
– Simões Lopes (fundos)
O município possui oito abrigos públicos, geridos pela Prefeitura. O acesso se dá por meio de contato com a Defesa Civil do Município, Bombeiros, Guarda Municipal e Brigada Militar pelos seguintes contatos: 193 (Bombeiros), 153 (Guarda Municipal) e 190 (Brigada Militar)
Previsões
Da Sala de Situação no 9º Batalhão de Infantaria Motorizada (9°BIMtz) saem todas as previsões meteorológicas e de movimentações hídricas, assim como todas as orientações de evacuação, resgate e demais ações relativas à enchente da região, especialmente de Pelotas.
Entre as equipes está o grupo de pesquisadores de modelagem matemática, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), que desde o dia 1° de maio está reunido, trabalhando nas previsões de escoamento das águas da região metropolitana para o sul do Estado. Foi utilizado um modelo computacional desenvolvido nos Estados Unidos utilizado internacionalmente para prever inundações. A pesquisadora Daniela Buske explica que essas simulações indicam o volume de água que entrará em Pelotas e região. “Esse modelo foi calibrado e adaptado para a nossa situação, considerando a vazão da água desde Porto Alegre até o final da Laguna dos Patos e estimando os dias de maior inundação”.
No sábado (11), os pesquisadores apresentaram às autoridades e forças de segurança dados que incluem a área da Vila Farroupilha, que estava mapeada como de alerta, para área de risco – de laranja para vermelho. Outra informação indica datas, como a de segunda (13) a quarta-feira (15), quando a água acumulada no lago Guaíba deverá desaguar em maior volume em Pelotas pela Lagoa dos Patos.
O tempo para obter cada simulação pode demorar até 12 horas, devido à capacidade computacional e a necessidade de analisar todo o cenário. “Nós trabalhamos na simulação por horas para conseguir chegar no que temos hoje e tentar ver quanto tempo nós temos até que o volume principal de água, a grande vazão, chegue aqui na nossa região, principalmente em Pelotas”, explica a pesquisadora.
Os pesquisadores afirmam que por Pelotas estar em uma região plana, será diferente das regiões de serra. “Aqui a água vai chegando devagar, em lâmina, não virá em onda”, diz Daniela.
À medida que a água for chegando, mesmo que a Lagoa suba um pouco, ela se espalhará pelo terreno, fazendo com que se nivele em todas as áreas, sendo mais ou menos profunda de acordo com a altura do terreno.