Mais de 200 cidades do Rio Grande do Sul já relataram danos diante das fortes chuvas que atingem o Estado, que sofre sua pior catástrofe climática, com 39 mortos e 68 desaparecidos. Os municípios seguem em alerta em razão de mais danos, assim como necessidade de orientação para que a população deixe áreas consideradas de risco.
Em Porto Alegre, a elevação do nível do Guaíba fez com que as ruas do centro, além da rodoviária, fossem alagadas. A previsão dos meteorologistas é de que a inundação na capital gaúcha seja pior do que o recorde histórico de 1941.
Devido ao grande volume de água e à elevação do nível dos rios, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) interditou as duas pontes sobre o Lago Guaíba e a ponte sobre o Rio dos Sinos para o tráfego de veículos. As chuvas afetaram os serviços de telecomunicações, deixando órgãos públicos e moradores de muitas cidades sem telefone e internet. Uma barragem se rompeu parcialmente, em Cotiporã, na Serra Gaúcha, e pelo menos outras 18 estavam em estado de alerta ou atenção.
“Até domingo (5), teremos pancadas de chuvas de altíssimas severidade. Já temos, em várias cidades, acumulados de mais de 400 milímetros [de chuva] nas últimas 72 horas. Os danos poderão ser muito maiores do que já se apresentam até o momento. Os níveis dos rios vão subir muito e o risco de movimento de massa [de solo] e de desmoronamentos é muito grande. Por isso, estamos alertando à população: tomem todos os cuidados necessários. Não saiam mais para a as estradas, que estão colapsadas. Se estão em áreas seguras, permaneçam. Principalmente [a população] da região do Planalto Alto Uruguai, onde o Rio Uruguai vai subir, gerando uma cheia acima da cota de transbordamento”, alertou o tenente-coronel Darci Bugs Júnior, da Defesa Civil estadual.
Áreas de risco
O governo do Rio Grande do Sul reforçou alerta feito pela Defesa Civil para a condição do Rio Caí que está ultrapassando a cota de inundação e afeta municípios da região. A orientação é que moradores das regiões de Gramado e Canela, cidades conhecidas pelo turismo, saíam de áreas de risco.
“É orientação expressa que os moradores de áreas próximas ao rio nos municípios de São Francisco de Paula, Canela, Gramado, Nova Petrópolis, Vale Real e Feliz deixem áreas de risco e procurem abrigos públicos ou outro local de segurança para permanecer durante a elevação de nível do Rio Caí”, disse o governo.
Cidades afetadas
Santa Maria – na quarta-feira, foi a segunda cidade com maior volume de chuva do mundo. O arquivo da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) foi alagado.
Sinimbu – o rio Pardinho transbordou e a defesa civil orientou moradores a deixarem suas casas. A água já invadiu algumas residências.
Encantado – o rio Taquari subiu acima dos 30 metros, a maior cheia de sua história.
Veranópolis – a queda de uma barreira na Serra das Antas interrompeu o tráfego na região. No total, 114 trechos em 53 rodovias do Estado estão com bloqueios totais ou parciais.
Canela – um dos destinos turísticos mais famosos do Estado registrou mais de 20 pontos de alagamento desde terça-feira. Parte do telhado do hospital do município foi danificado.
Caxias do Sul – além de danos em uma adutora, uma represa que abastece diversos bairros da cidade corre o risco de rompimento.
Três Coroas – o Hospital Oswaldo Diesel foi invadido pela água e precisou ser interditado; prefeitura precisou remover pacientes para cidades vizinhas.
Porto Alegre – a capital gaúcha registrava cerca de 60 pontos de interdição em suas vias na manhã dessa quinta. Há alerta de cheia para o lago Guaíba.