Um alerta da Defesa Civil foi enviado nesta quarta-feira (14/9) à população do Rio Grande do Sul incentivando que as crianças sejam vacinadas contra a poliomielite.
“Defesa Civil: RS alerta contra pólio: vacine crianças menores de 5 anos até 30/9 e combata o risco de retorno da paralisia infantil. Cuide das nossas crianças!”, diz o texto, enviado por SMS aos 800 mil usuários cadastrados no serviço 40199.
Os alertas enviados geralmente tratam de eventos climáticos com risco para a população, mas, desde a pandemia de covid-19, a Defesa Civil apoia a Secretaria da Saúde (SES) em campanhas de saúde pública. É o caso da ação contra a poliomielite. O Estado pretende atingir a meta da Campanha Nacional de Vacinação Contra a Poliomielite 2022 de imunizar 95% das crianças de um ano a quatro anos, 11 meses e 29 dias.
“O alerta que emitimos hoje foi uma solicitação da Secretaria da Saúde. É importante a vacinação e participamos desta campanha para que as crianças se vacinem de maneira abrangente”, disse o chefe da Casa Militar e coordenador estadual de Proteção e Defesa Civil, coronel Júlio César Rocha Lopes.
Até esta quarta-feira (14/9), foram aplicadas 281.611 doses da vacina contra a pólio no Estado, alcançando 50,85% das crianças. Os dados da Campanha Nacional de Vacinação Contra a Poliomielite 2022 podem ser acompanhados neste link.
Queda nas coberturas
Índices de vacinação abaixo das metas preconizadas pelo Ministério da Saúde aumentam os riscos para doenças imunopreveníveis, como coqueluche, poliomielite, sarampo, caxumba, rubéola, varicela, meningite meningocócica e pneumocócica, gastroenterite por rotavírus e hepatites A e B, entre outras.
Considerando o calendário básico de vacinação infantil, nos últimos cinco anos, as metas não foram atingidas. Os dados de 2021, considerados ainda parciais, indicam que o Rio Grande do Sul ficará abaixo dos índices projetados.
Nos últimos anos, no Rio Grande do Sul, a vacinação contra a poliomielite não alcançou a meta de 95% de cobertura. A análise da série histórica das coberturas vacinais de 2017 a 2020 tem variado entre 75% e 86%.
A doença
Poliomielite, ou paralisia infantil, é uma doença contagiosa aguda causada pelo poliovírus, que pode infectar crianças e adultos por via fecal-oral (por meio do contato direto com as fezes ou com secreções expelidas pela boca das pessoas infectadas), podendo atacar o sistema nervoso e provocar paralisia flácida aguda, principalmente em membros inferiores.
Esquema do calendário básico infantil
Vacina poliomielite 1,2,3 inativada (VIP)
Dose: 0,5 mL via intramuscular
Esquema: três doses (aos 2, 4 e 6 meses)
Vacina Poliomielite 1, 3 atenuada (VOP – gotinha)
Dose: duas gotas, por via oral
Esquema: reforço aplicado aos 15 meses de idade e aos 4 anos
Situação crítica de risco
Uma análise da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) identificou que o Brasil, em 2021, foi um dos países do continente americano com alto risco de reintrodução do vírus da poliomielite, ao lado de outros cinco (Argentina, Bolívia, Equador, Panamá e Paraguai). Quatro apresentam situação de risco muito alto: Haiti, Peru, República Dominicana e Venezuela.
No Rio Grande do Sul, a análise demonstrou um cenário preocupante, em que 42% dos municípios gaúchos encontram-se em risco muito alto e 32% em risco alto. Ou seja, em 367 municípios do Estado (74%) há um grande risco de retornarem os casos de pólio.
Para a análise de risco, considera-se cobertura vacinal, vigilância epidemiológica e alguns determinantes de saúde como acesso a água potável e rede de esgoto. Com isso, reforça-se a necessidade de manter ações permanentes e efetivas de vigilância da doença e níveis adequados de proteção imunológica da população.