Mesmo após ser indiciado pela Polícia Federal (PF) por tentativa de golpe de Estado, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) mantém sua intenção de se candidatar à Presidência em 2026. Apesar de enfrentar acusações ou até mesmo a possibilidade de cumprir pena, Bolsonaro segue determinado e já definiu sua estratégia: ter um de seus filhos como vice.
Atualmente, o ex-presidente enfrenta duas condenações de inelegibilidade. A primeira decisão foi emitida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em junho de 2023, por abuso de poder econômico e uso inadequado dos meios de comunicação. Este caso analisou a reunião com embaixadores, ocorrida em julho de 2022, onde Bolsonaro fez alegações infundadas contra as urnas eletrônicas e o sistema eleitoral brasileiro.
A segunda condenação ocorreu quatro meses depois, quando o TSE determinou que ele e Braga Netto, seu candidato a vice em 2022, utilizaram as celebrações do 7 de Setembro daquele ano para fins eleitorais. Em entrevista à Veja no início de novembro, Bolsonaro descartou outros nomes da direita como potenciais candidatos à Presidência, incluindo o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Apesar de elogiar Tarcísio como um “baita gestor”, Bolsonaro afirmou que é o único capaz de vencer em 2026: “Estou vivo. Com todo o respeito, chance só tenho eu, o resto não tem nome nacional. O candidato sou eu”, disse, acrescentando que só apoiaria outro candidato “depois de enterrado”.
A estratégia ventilada por interlocutores de Bolsonaro seria lançá-lo como candidato à Presidência, com um de seus filhos, como o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), ocupando o posto de vice. A chapa seria registrada no TSE, mas, com o ex-presidente inelegível, o tribunal certamente indeferiria sua candidatura. Nesse cenário, Bolsonaro recorreria ao Supremo Tribunal Federal (STF), que, segundo seus aliados, também manteria o veto.
O objetivo dessa movimentação seria utilizar o processo judicial como uma plataforma para defender sua inocência publicamente e mobilizar seu eleitorado durante a campanha eleitoral. Caso os recursos fossem esgotados, o candidato à vice assumiria a liderança da chapa, e Bolsonaro buscaria transferir sua base de apoio para o sucessor.
O plano, que já era cogitado nos bastidores, ganhou força na quinta-feira (21), após o indiciamento de Bolsonaro. Fontes próximas ao ex-presidente acreditam que a Procuradoria-Geral da República deve denunciá-lo e que o STF pode condená-lo à prisão. Ainda, descartam qualquer possibilidade de uma anistia política que restaure seus direitos políticos.
Mesmo nesse cenário adverso, os aliados de Bolsonaro confiam em sua capacidade de mobilizar cerca de 25% do eleitorado que se mantém fiel a ele. Por isso, há o entendimento de que seu candidato à vice precisaria carregar o sobrenome Bolsonaro, para garantir a continuidade de seu projeto político.