Um dia após um atrito público com o pastor Silas Malafaia, o candidato do PRTB à Prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal, recuou. Durante sabatina organizada pela “Revista Oeste”, Marçal pediu “perdão” ao religioso e reafirmou sua boa relação com o ex-presidente Jair Bolsonaro, mesmo dizendo que não lhe “deve nada”. Intensificou, contudo, os ataques contra o prefeito e candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB).
Marçal também anunciou uma mudança em uma de suas promessas de campanha, de triplicar o efetivo da Guarda Municipal. Segundo ele, a mudança de planos aconteceu após sua visita a El Salvador, na semana passada. O país da América Central reduziu os índices de criminalidade com uma política fortemente criticada por violações de direitos humanos.
Assim como aconteceu após troca de farpas com a família Bolsonaro, Marçal sinalizou uma trégua com Malafaia, que foi o “mestre de cerimônias” do evento bolsonarista realizado no domingo, na avenida Paulista. “Te peço perdão, Silas. Porque você organizou (o evento), tem colocado a sua cara pra bater. Você sabe o respeito que tenho por você, mas aqui em São Paulo já está resolvido”, disse o candidato.
Na última segunda-feira (9), após ser chamado de “lacrador” e “soberbo” por Malafaia, Marçal disse que o pastor “só dá bola fora” quando o assunto é política. Após pedir desculpas, o ex-coach recomendou ao religioso que se concentre nas eleições do Rio de Janeiro, onde o candidato bolsonarista, Alexandre Ramagem está em larga desvantagem nas pesquisas.
O recuo de Marçal evidencia a indefinição do entorno bolsonarista em relação ao pleito em São Paulo. Oficialmente apoiado pelo ex-presidente, Nunes disse ontem que Bolsonaro vai entrar de cabeça na campanha à medida em que a votação se aproximar. O ex-coach, entretanto, disse que “todo mundo sabe fazer a leitura” de que o apoio de Bolsonaro ao atual prefeito “não é de coração”.
“Tenho extremo respeito pelo Bolsonaro. Defendi e vou continuar defendendo. O [governador de São Paulo] Tarcisio (de Freitas) todos os dias tenta levantar um defunto chamado Nunes. Agora ele (Nunes) fica falando grosso. Vou te pôr na cadeia. Vou fazer uma auditoria na prefeitura e ano que vem você vai pra cadeia”, disse Marçal, ao prometer soltar uma “bomba” contra o prefeito no debate que será transmitido pelo SBT.
Apesar do afago no ex-presidente, Marçal reiterou que “não deve nada” a Bolsonaro e que os eleitores de direita não aceitam ser “propriedade” de nenhum líder político. “Sendo bem ponderado, ele é o primeiro líder de direita que a gente tem. Só que a direita não quer ser taxada de propriedade de alguém e eu não quero assumir essa propriedade. A gente não pode depender de um homem”, afirmou.