Após ser absolvido no caso JBS, no qual era acusado pelo empresário Joesley Batista de corrupção, o deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) tenta voltar ao protagonismo na política. Entre os últimos movimentos do parlamentar estaria uma possibilidade de se cacifar para a disputa ao governo de Minas em 2026.
Outra possibilidade levantada por lideranças tucanas seria o ex-governador assumir a presidência da Executiva Nacional do PSDB, diante de um cenário no qual o atual presidente e governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, passa por dificuldades para conciliar as demandas do partido com as do governo do Estado. Nos bastidores, há quem diga que Aécio já teria assumido funções institucionais que tradicionalmente cabem ao presidente.
No entanto, Aécio nega a possibilidade de ser presidente do PSDB e desconversa quando o assunto é o governo de Minas. “Defendo a permanência do governador Eduardo Leite na presidência do partido. O PSDB vai voltar a ter um papel extremamente relevante no futuro da política brasileira e no Estado, principalmente criando alternativas aos dois polos hoje representados pelo lulopetismo e pelo bolsonarismo”, afirma.
O ex-governador dá a entender que, pelo menos por enquanto, seu papel no partido já está bem definido. “Vou trabalhar para o fortalecimento desse caminho alternativo representado pelo PSDB, mas sem postular nenhuma outra função além daquela que exerço hoje”, completa.
Mesmo assim, fontes associadas ao tucano afirmam que uma possível tentativa de voltar ao governo do Estado não está descartada. O que dá combustível a essa tese é o cenário ainda incerto para o Palácio Tiradentes daqui a três anos, com Romeu Zema (Novo) fora do tabuleiro e a esquerda ainda sem uma liderança de destaque.
Nome conciliador
Uma fonte ligada ao PSDB, que pediu anonimato, acredita que Aécio se vê como um nome conciliador, capaz de se tornar uma terceira via sólida. Primeiro porque o atual deputado federal, segundo essa pessoa, acredita ser um nome de confiança do eleitor mineiro após governar o Estado por dois mandatos.
Além disso, ele estaria distante do PT, como foi durante toda a carreira política, mas longe também do bolsonarismo, que carrega grande rejeição. Essa combinação de fatores, lembrada pelo próprio Aécio, seria a receita para devolver Minas Gerais aos tucanos.
Por outro lado, um caso ocorrido em setembro, em Brasília, indicaria o interesse de Aécio de voltar a liderar o PSDB nacionalmente. Ele recebeu em seu gabinete o deputado estadual pelo Rio de Janeiro e novo presidente nacional do Cidadania, Comte Bittencourt. Alguns tucanos chamaram atenção para o fato de Comte ter se encontrado com Aécio, e não com Leite.
Além disso, dois grupos políticos próximos a Aécio estariam assumindo os diretórios do PSDB em Roraima e no Sergipe. No Estado do Norte brasileiro, a nova presidente é Anabel Mota, mãe do deputado federal Gabriel Mota (Republicanos). Já no território nordestino, o presidente é Danilo Alves de Carvalho, irmão do deputado federal Thiago de Joaldo (PP). Os dois parlamentares parentes das lideranças são próximos de Aécio e poderiam, inclusive, migrar para o PSDB futuramente quando a janela partidária se abrir.
Eduardo Leite
Por outro lado, há quem diga que, justamente pelo protagonismo de Eduardo Leite, Aécio dificilmente assumiria a Executiva Nacional. “Não é o objetivo dele. Até porque o Aécio foi um dos entusiastas e apoiadores do Eduardo Leite como presidente do partido”, diz outra pessoa que vive o dia a dia tucano. Essa fonte, no entanto, reconhece que o governador do Rio Grande do Sul enfrenta problemas atualmente para conciliar os deveres partidários com a gestão estadual, sobretudo em um momento conturbado, no qual os gaúchos lidam com as consequências das fortes chuvas.
Ainda assim, a informação que circula no partido é que Aécio se colocaria como candidato à presidência do PSDB apenas no caso de Eduardo Leite abrir mão do posto. A avaliação de que Aécio Neves seria o candidato natural à sucessão de Eduardo Leite se dá porque, depois das saídas de João Doria e Geraldo Alckmin e do afastamento de José Serra, o ex-governador de Minas Gerais é o nome com maior relevância histórica no partido.
Além disso, ele tem se colocado como oposição ao governo Lula, o que Eduardo Leite, por ser governador e necessitar manter uma boa relação com a União, não tem feito.
Para o também ex-governador de Minas Eduardo Azeredo (PSDB), Aécio Neves tem todas as condições para assumir a Executiva Nacional da legenda. “O Aécio é um nome nacional, foi o nosso candidato à Presidência da República (em 2014) e por muito pouco não se elegeu. O Eduardo Leite é um nome novo e que está acumulando o governo do Rio Grande do Sul e a direção do partido, o que não é fácil”, disse.