De olho na sucessão de Arthur Lira (PP-AL) na presidência da Câmara em 2025, o líder do União Brasil na Casa, Elmar Nascimento (BA), cessou o tom bélico que adotava em relação ao Palácio do Planalto e a antigos adversários. O novo estilo, avaliam aliados, é parte de uma estratégia em que ele busca se cacifar para chegar ao posto, missão na qual o apoio do governo poderá ser fundamental.
Lira, que publicamente evita antecipar a disputa pela própria cadeira, tem levado Elmar a eventos, além de escalar o deputado para tarefas de destaque no Legislativo. Os dois são amigos e fizeram uma viagem recente para um cruzeiro que teve o cantor Wesley Safadão como principal atração.
A principal aresta que o líder do União passou a evitar é com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, que há dez dias chamou de “amadora” a atuação da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), reduto de influência do parlamentar. O deputado, no entanto, escapou da dividida. Os dois têm histórico de antagonismo na Bahia, mas vêm ensaiando uma reaproximação que já incluiu um almoço, em junho.
Segundo aliados, Elmar quer demonstrar que é útil ao governo. Em um sinal de aproximação com o Planalto, o deputado esteve ao lado de Lula na posse do ministro do Turismo, Celso Sabino, do União Brasil. Na ocasião, o parlamentar disse que a nomeação contribui para o partido “ajudar” o Planalto em votações no Congresso. Deputados dizem que a troca de Daniela Carneiro por Sabino foi um fator relevante para o líder da sigla amenizar a postura.
Em maio, o deputado e o chefe do Executivo já haviam se encontrado para negociar a votação da Medida Provisória que reestruturou os ministérios, momento de tensão na relação entre Câmara e Planalto.
Integrantes da cúpula do União Brasil avaliam, no entanto, que, se depender da “vontade pessoal” de Costa e do líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), Elmar não será presidente da Casa. O partido vê nos movimentos do deputado uma maneira de, ao menos, fazer com que o governo não trabalhe contra a candidatura. Líderes da base pontuam que a relação não foi totalmente pacificada. Na semana passada, os três deputados do União Brasil que integram a CPI do MST votaram a favor da convocação de Costa, aprovada por 14 a 10.
“Não sabia. Não policio os deputados nas comissões. Considero equívoco (convocar Rui Costa), porque ele não tem nada a ver com invasão de terra”, disse Elmar, reconhecendo que hoje há menos embates, mas negando relação com o pleito de comandar a Câmara. “Tem a ver com sair do palanque. As eleições acabaram”, acrescentou.
Movimentos
Proximidade com Lira: Embora evite fazer declarações públicas sobre o sucessor, o atual presidente da Câmara tem levado Elmar a eventos e agendas de destaque do legislativo.
Sem confrontos: Recentemente, o deputado evitou embate com o ministro Rui Costa, adversário na política baiana, que fez críticas à Codevasf.
Aproximação com o governo: Na última semana, Elmar disse que chegada de Celso Sabino ao Turismo contribui para o União Brasil “ajudar” o Planalto no Congresso
Resistências
Busca de apoio: Para ter um apoio mais amplo, Elmar terá que driblar a resistência de petistas baianos, como a do próprio Rui Costa e Jaques Wagner
Pé no freio: Entrar cedo na corrida pela presidência pode torná-lo “vidraça”. Por isso, Elmar tem sido aconselhado a não fazer movimentos tão explícitos
Adversários: Ser o “candidato de Lira” pode não ser suficiente para barrar outras candidaturas, como a do presidente do Republicanos, Marcos Pereira, entre outras.