A iminente votação da reforma tributária expõe um racha entre o ex-presidente Jair Bolsonaro, agora inelegível por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e os caciques do Partido Liberal (PL). Se antes as orientações dadas por Bolsonaro à bancada da legenda eram encaradas como “ordem”, agora são alvos de resistências do presidente da sigla, Valdemar Costa Neto, que não seguiu o pedido feito pelo ex-presidente aos parlamentares para que se opusessem à reforma.
Outro correligionário de Bolsonaro, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, disse que se manifestará de maneira favorável ao texto.
De acordo com Valdemar, a questão só será fechada nesta quinta-feira (6), em reunião entre Bolsonaro e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Tarcísio já disse, ao lado do ministro Fernando Haddad, concordar 95% com a proposta de reforma tributária. A tendência é de que o PL se oponha ao texto, mas libere a sua bancada para votar como quiser — o que contraria a vontade de Bolsonaro.
“Já avisei ao PL que vou me manifestar de maneira favorável ao texto da reforma. O partido ainda vai definir esta questão, mas o meu posicionamento é favorável. Já coloquei ao PL que o tema é positivo ao Rio e peço para que liberem cada deputado para votar como quiser”, afirmou o governador.
O líder do PL, Altineu Côrtes (PL-RJ), disse que o partido ainda não fechou questão contra a reforma tributária e está aguardando as alterações no texto do relator Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) para tomar a decisão.
“O governador Tarcísio vai conversar com o presidente Bolsonaro. O governador Tarcísio e o governador Cláudio Castro apresentaram diversas sugestões de mudanças no texto. Portanto, a gente vai aguardar essas mudanças para amanhã [esta quinta] o partido de reunir e tomar uma decisão. O presidente Bolsonaro não é contra a reforma tributária, ele é a favor da reforma tributária, mas tem pontos que deputados do PL são contra. Alterando o texto, vamos chegar uma conclusão final. Não tem questão fechada ainda”, disse o líder do partido de Jair Bolsonaro.
Em uma lista de transmissão que reúne deputados do PL e a ala bolsonarista do Republicanos, o ex-presidente, divulgou uma nota em que critica a proposta. Ele afirma que o projeto “do PT” vai na contramão do que foi feito em seu governo. O texto da reforma tributária é de iniciativa do próprio Congresso Nacional.
“A atual reforma tributária do PT vai na contramão do que fizemos. Caso tivesse um mínimo de coerência, o atual governo deveria manter a nossa política econômica que deu certo: menos impostos, mais arrecadação”, disse o ex-presidente em nota.