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Polícia Civil investiga suposto desvio de R$ 8,5 milhões da Secretaria do Esporte e Lazer do RS

Agentes cumprem 12 mandados de busca em Porto Alegre e em Caxias do Sul nesta quarta-feira, 09

Publicada em 09/11/2022 as 11:05h por Rádio Santa Cruz
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 (Foto: Polícia Civil / divulgação)

A Polícia Civil cumpre, na manhã desta quarta-feira, 09, 12 mandados de busca e apreensão em Caxias do Sul e em Porto Alegre após investigar por um ano e meio um esquema que teria desviado pelo menos R$ 8,5 milhões da Secretaria Estadual do Esporte e Lazer do Rio Grande do Sul. A fraude, conforme as provas já obtidas, teria ocorrido principalmente entre 2019 e 2020.

 

Segundo a investigação, um mesmo grupo de pessoas apresentou propostas para ser beneficiado com recursos do programa Pró-Esporte RS e teria utilizado documentos falsos, além de laranjas, para burlar o sistema, fazendo com que o governo gaúcho liberasse verbas que seriam usadas para fins ilícitos.

 

São 15 investigados , entre representantes de duas associações esportivas que solicitaram recursos do projeto vinculado ao esporte, um ex-dirigente de uma destas entidades, empresários, servidores e um ex-funcionário da secretaria. Os nomes não foram divulgados.

 

A chamada “Operação Circuito Fechado” mobiliza 47 agentes, coordenados pelo delegado Max Ritter, titular da 1ª Delegacia de Polícia de Combate à Corrupção do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic). A ação recebeu este nome porque boa parte da verba desviada teria contemplado o mesmo esporte: o automobilismo e, no caso, pilotos da categoria Stock Car Light em competições realizadas em todo Brasil.

 

Ritter diz que o fato chamou a atenção primeiro de um departamento da própria secretaria e, depois, da Procuradoria-Geral do Estado (PGE) e da Contadoria e Auditoria-Geral do Estado (Cage), até chegar na Polícia Civil. O delegado afirma ainda que houve irregularidades em 2018 e até em 2021, mas ressalta que a maioria do recurso desviado foi no biênio 2019/2020. Ele ressalta que o Estado é vítima da fraude.

 

Desvio de verbas

 

De acordo com a polícia, o regulamento do Pró-Esporte RS permite apenas um projeto por vez para cada associação interessada, mas os investigados teriam usado documentos falsos para burlar o sistema e se revezavam nos programas apresentados para serem contemplados com os recursos o maior número de vezes possível. E sempre por meio de duas associações esportivas diferentes, que na verdade eram das mesmas pessoas.

 

Em um determinado momento, Ritter diz que chegou a ter seis propostas tramitando que eram dos mesmos suspeitos e com liberação de verbas.

 

— Apuramos que um ex-representante de uma das associações, por exemplo, quando soube que o cerco estava apertando, saiu do cargo e colocou um mecânico de outra entidade, que na verdade era do mesmo grupo, como presidente da associação. E não foi uma vez só, pois usaram em uma segunda ocasião outro mecânico para figurar como presidente destas entidades — ressalta Ritter.

 

O Deic obteve provas de que sete projetos teriam sido contemplados irregularmente, sendo o Estado vítima, ao repassar R$ 8,5 milhões entre 2019 e 2020. A liberação destas verbas não passou na prestação de contas e foram detectadas várias notas frias e duplicadas.

 

Segundo a investigação, em parte, o dinheiro iria para financiar pilotos da Stock Car Light, que não tem ligação com a fraude. Mas a verba do projeto também era desviada por meio de notas fiscais suspeitas, principalmente para pagamento de empresas especializadas em transportar os carros usados nas corridas. Na verdade, os valores eram divididos posteriormente entre os investigados, além de não gerar arrecadação de impostos.

 

Crimes

 

Os crimes apurados são contra a fé pública, estelionato contra a administração pública, corrupção ativa e passiva e associação criminosa. Os mandados judiciais de busca, com o objetivo de localizar e apreender documentos, equipamentos eletrônicos, entre outros, ocorreram nas sedes das duas associações, em duas empresas, nas casas dos representantes destas associações e empresas e de alguns servidores.

 

Não houve ordem judicial na secretaria. Nomes das pessoas físicas e jurídicas não foram revelados, mas GZH apenas confirmou que o período da suposta fraude apontada pela polícia foi quando João Derly assumiu a pasta. Sobre o ex-secretário, a polícia também não divulgou qualquer informação.




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