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Polícia abre inquérito após família de jovem transplantada denunciar alunas de medicina por postagem irônica nas redes sociais

As estudantes publicaram um vídeo em que falam sobre os três transplantes de coração em que a paciente foi submetida

Publicada em 10/04/2025 as 06:33h por Redação O Sul
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 (Foto: Reprodução)

A Polícia Civil de São Paulo abriu inquérito por injúria após a família da jovem Vitória Chaves da Silva, que morreu em fevereiro na capital paulista após lutar contra uma cardiopatia congênita, prestar queixa na delegacia e acionar o Ministério Público para denunciar duas estudantes de medicina por exporem o caso ironizando a paciente.

 

 

Gabrielli Farias de Souza e Thaís Caldeiras Soares Foffano publicaram um vídeo na rede social TikTok em que falam sobre os três transplantes de coração que Vitória passou no Instituto do Coração (InCor), em São Paulo, e dizem que um deles não foi bem-sucedido porque a paciente não teria tomado corretamente as medicações. A família de Vitória pede uma retratação.

 

 

De acordo com o delegado Marco Antonio Bernardo, do 14º Distrito Policial, a mãe da jovem foi até a delegacia na terça-feira (8), onde foi ouvida e, então, foi aberto o inquérito.

 

 

“Primeiro foi feito um boletim de ocorrência não criminal, já que o vídeo não cita o nome de Vitória e não houve um crime cometido. A mãe veio novamente, a ouvimos e, então, como ela estava se sentindo ofendida com o conteúdo publicado referente à filha, se sentindo difamada com as informações divulgadas, instauramos inquérito por injúria em uma ação penal privada”, afirmou.

 

 

O delegado ainda explica que neste tipo de ação a pessoa ofendida deve apresentar uma queixa-crime para o processo judicial ser instaurado. Isso ocorre em casos de calúnia, difamação, injúria ou violação de direito autoral.

 

 

“Não há encaminhamento do inquérito policial para o Ministério Público analisar se apresenta denúncia ou não, como nos casos de ação penal pública. No caso da ação penal privada, em denúncia por injúria, a vítima faz requerimento, instaura inquérito, e o advogado da vítima é quem oferece queixa-crime contra as pessoas para seguir o processo no Judiciário”, afirmou.

 

 

Ainda conforme o delegado, as alunas serão intimadas para prestarem depoimento na delegacia nos próximos dias.

 

 

“Já ouvimos a mãe e vamos querer ouvir as alunas e representantes do hospital também nos próximos dias. E mesmo com o inquérito instaurado, a família de Vitória pode entrar com uma ação civil por danos morais”, disse.

 

 

A irmã de Vitória contou que o vídeo foi postado em 17 de fevereiro deste ano, nove dias antes de Vitória morrer por choque séptico e insuficiência renal crônica. A família, porém, só teve conhecimento sobre o vídeo na semana passada. Eles contestam a afirmação de que a paciente não teria tomado corretamente os medicamentos após o segundo transplante.

 

 

“Um amigo dela [Vitória] que mora na Holanda reconheceu a história e nos enviou. Ficamos em choque quando descobrimos. As duas estudantes fizeram estágio de 30 dias na instituição [InCor]. Nem chegaram a conhecer a minha irmã. Nunca foram vê-la. Por conta dessa desinformação, as pessoas passaram a criticar minha irmã”, disse Giovana Chaves, irmã de Vitória.

 

 

Na gravação, que foi apagada das redes sociais, aparecem Gabrielli e Thaís dizendo que estavam no InCor. Elas não citam o nome de Vitória, mas falam que estavam chocadas após saberem que uma paciente do hospital tinha recebido três corações e um rim.

 

 

“A gente está em choque, sem acreditar até agora. São 7h da manhã. Uma paciente que fez transplante cardíaco três vezes. Um transplante cardíaco já é burocrático, é raro, tem questão da fila de espera, da compatibilidade, mil questões envolvidas. Agora, uma pessoa passar por transplante três vezes, isso é real e aconteceu aqui no InCor”, afirmou Thaís.

 

 

Gabrielli diz, então, que houve rejeição após o segundo transplante devido à falta de comprometimento da paciente em tomar os remédios.

 

 

“A segunda vez ela transplantou e não tomou os remédios que deveria tomar, o corpo rejeitou e teve que transplantar de novo, por um erro dela. Agora. ela transplantou de novo, aceitou, mas o rim não lidou bem com as medicações”, disse Gabrielli.

 

 

No final, Thaís ainda ironiza: “Essa menina está achando que tem sete vidas. Não sei. Já é tão raro, difícil a questão de compatibilidade, doação, ‘n’ fatores que não sei especificamente por que não passamos por cirurgia cardíaca ainda. Estou em choque. Simplesmente uma pessoa que passou por três transplantes de coração. Ela recebeu três corações diferentes”.

 

 

Em nota, a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), responsável pelo InCor, informou que as alunas são “graduandas de outras instituições e estavam no hospital em função de um curso de extensão de curta duração (um mês)”. Disse ainda que “repudia com veemência qualquer forma de desrespeito a pacientes e reafirma o compromisso inegociável com a ética”.

 

 

Em nota, o Ministério Público disse que o caso foi distribuído para o 4º Promotor de Justiça de Direitos Humanos da capital, que avalia o caso. Até a última atualização desta reportagem, ele não havia se manifestado.

 

 

A irmã de Vitória diz que o segundo transplante não foi bem-sucedido por conta da doença do enxerto.

 

 

“Elas fazem essa afirmação e não foi isso. Nós temos prova com o testemunho da médica que cuidou da minha irmã por 22 anos. Ela teve doença do enxerto, que é normal dar em órgão transplantado”, diz Giovana.

 

 

Diante do vídeo, a família decidiu registrar boletim de ocorrência e procurou o Ministério Público. Os parentes também procuraram o InCor, que disse a eles que não estava ciente do vídeo, que vai contra a ética da instituição.




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