O médico André Lorscheitter Baptista, réu por matar a esposa com um medicamento sedativo em Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre, foi indiciado por maus-tratos contra o filho de dois anos nesta quinta-feira (3).
O pai da criança teria administrado medicamentos sedativos ao menino, concluiu a investigação, liderada pelo delegado, Maurício Barison. A polícia explica que os maus tratos estão caracterizados como "meio de abuso de meios de disciplina ou tratamento".
"Nossa conclusão é de que ele ministraria esses medicamentos para sedar o menino, para provavelmente não ter tanto trabalho de cuidar", disse o delegado.
A defesa afirma que deve emitir uma nota assim que tiver acesso ao relatório final da autoridade policial.
Lorscheitter está preso por suspeita de matar a mãe da criança, a enfermeira Patricia Rosa dos Santos, de 41 anos. O crime aconteceu em 22 de outubro. (Relembre o caso abaixo)
As investigações relacionadas ao menino começaram em 2024, após um relato obtido pela Polícia de crimes sexuais. A criança passou por exames físicos e psicológicos no Centro de Referência em Atendimento Infantojuvenil (CRAI), mas os resultados não indicaram sinais de violência sexual.
No entanto, durante a apuração, a investigação obteve um vídeo gravado na escola da vítima, no qual o menino aparece com dificuldades para andar, fala arrastada e olhos semicerrados, como se estivesse sob efeito de sedativos. Após a prisão do pai pelo assassinato da esposa, foram encontrados frascos vazios de medicamentos controlados na residência do casal.
Novos exames toxicológicos foram solicitados, mas o tempo decorrido impossibilitou a detecção da substância no organismo da criança. Diante disso, a polícia colheu depoimentos de testemunhas, analisou imagens de câmeras de segurança e registros médicos anteriores.
A investigação da Polícia Civil concluiu que o pai administrava Clonazepam (medicação sedativa) ao filho, com a intenção de modificar o comportamento da criança, sem o objetivo explícito de causar dano.