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Bolo com arsênio: Polícia Civil vê indícios de homicídios em série, e novo corpo pode ser exumado

De acordo com a delegada regional do Litoral Norte do RS, Sabrina Deffente, novos casos sob investigação seriam de pessoas próximas da família. Deise Moura dos Anjos está presa temporariamente

Publicada em 11/01/2025 as 06:33h por Por Pedro Trindade, g1 RS
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 (Foto: Reprodução)

A Polícia Civil afirma que vê "fortes indícios" de que a suspeita de colocar arsênio na farinha de um bolo de frutas cristalizadas e provocar as mortes de três mulheres em Torres (RS) tenha praticado outros envenenamentos. Nesta sexta-feira (10), as autoridades confirmaram que uma quarta pessoa, o sogro de Deise Moura dos Anjos, também ingeriu arsênio antes de morrer.

 

 

"A gente não tem dúvida de que se trata de uma pessoa que praticava homicídios e tentativas de homicídios em série, e que durante muito tempo não foi descoberta, e durante muito tempo tentou apagar provas que pudessem levar a atribuição de culpa a ela", afirmou a delegada regional do Litoral Norte do RS, Sabrina Deffente.

 

 

De acordo com Sabrina, os novos casos sob investigação seriam de pessoas próximas da família. Se confirmada a suspeita, o número de mortes por envenenamento pode subir para 5. Para isso, o corpo dessa possível vítima pode ser exumado - se não tiver sido cremado. O procedimento é realizado, mediante autorização judicial, para atestar ou não a presença de substâncias no organismo, como arsênio.

 

 

"São pessoas do círculo familiar. A gente tá apurando essas questões aí [sobre o número de novos casos sob investigação]. Mas tem uma suspeita sobre um falecido já. A gente vai aprofundar um pouco mais as investigações", explicou a delegada.

 

 

Em nota, a defesa da suspeita Deise Moura dos Anjos, presa temporariamente, alega que "as declarações divulgadas ainda não foram judicializadas no procedimento sobre o caso" e que "aguarda a integralidade dos documentos e provas para análise e manifestação". (Leia abaixo a íntegra)

 

 

A perícia feita no corpo de Paulo Luiz dos Anjos, morto em setembro, constatou que ele ingeriu arsênio antes de morrer. O sogro de Deise morreu de infecção intestinal após consumir bananas e leite em pó levados à casa dele pela nora. A polícia confirmou nesta sexta que a causa da morte do homem foi envenenamento.

 

 

A polícia informou ainda, nesta sexta, que Deise comprou arsênio quatro vezes no período de quatro meses, sendo que uma dessas compras foi anterior à morte do sogro, e as outras três antes da morte das três mulheres em dezembro. O produto teria sido comprado pela internet e recebido pelos Correios.

 

 

 

 

 

 

 

Certidão de óbito de sogro de mulher suspeita de envenenar bolo no RS — Foto: Reprodução/RBS TV

Certidão de óbito de sogro de mulher suspeita de envenenar bolo no RS — Foto: Reprodução/RBS TV

 

 

 

 

 

 

 

 

A morte do sogro

 

 

 

Depois do caso do bolo ser revelado, a polícia passou a investigar se Deise Moura dos Anjos tem envolvimento também na morte de Paulo Luiz dos Anjos. Exames feitos após a exumação do corpo apontam que ele ingeriu arsênio antes de morrer.

 

 

Nas mensagens enviadas à Zeli dos Anjos, Deise Moura dos Anjos disse ainda que "nem polícia nem perícia" poderiam ajudar a família a descobrir a causa da morte de Paulo Luiz dos Anjos.

 

 

"Acho que precisamos rezar mais, aceitar mais e não procurar culpados onde não há. Só os momentos que Deus nos reserva, isso sim, não têm volta. Nem polícia nem perícia que possa nos ajudar a desvendar", diz a mensagem enviada por Deise à sogra.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Mensagem enviada pela suspeita de envenenar bolo em Torres para a sogra — Foto: Jonathan Heckler/Agência RBS

Mensagem enviada pela suspeita de envenenar bolo em Torres para a sogra — Foto: Jonathan Heckler/Agência RBS

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Em outra mensagem enviada à sogra, Deise lista motivos que poderiam ter causado a morte de Paulo:

 

 

"Não sei, acho que eu não faria nada, pois poderia ter sido várias coisas: intoxicação alimentar, negligência médica, a banana contaminada pela enchente, ou simplesmente a hora dele... Sei lá."

 

 

Em outra mensagem apresentada pela polícia, enviada para uma pessoa com quem mantinha relacionamento, Deise desabafa:

 

 

"Se eu morrer, cuide do meu filho e reze bastante por mim, pois é bem provável que eu não vá para o paraíso."

 

 

O relatório preliminar da extração de dados dos celulares apreendidos, ao qual a reportagem teve acesso, apontou ainda buscas feitas na internet por termos como "arsênio veneno", "arsênico veneno" e "veneno que mata humano". As informações constam da representação da Polícia Civil pela prisão temporária da suspeita.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Qual é a origem da contaminação?

 

 

O Instituto Geral de Perícias (IGP) do Rio Grande do Sul detalhou o processo das análises que detectaram a presença de arsênio na farinha do bolo que causou as mortes das três mulheres.

 

 

Ao longo de uma semana, 89 amostras foram analisadas, e em apenas uma, a da farinha, foi encontrado arsênio. O composto estava em uma concentração 2.700 vezes maior que a encontrada no bolo.

 

 

Para encontrar a origem da contaminação, foi utilizado um equipamento de fluorescência de raio-X. O material tem uma série de bancos de dados para a identificação de metais usados, principalmente no solo, mas também em ligas metálicas como joias.

 

 

Ao fazer o escaneamento das amostras, o equipamento mostrou uma lista de concentração de quais metais poderiam estar presentes nessas análises. Segundo Lara Regina Soccol Gris, chefe da Divisão de Química Forense do IGP, o arsênio encontrado foi o material mais presente na farinha.

 

 

"Nós testamos o próprio bolo com esse equipamento. Já acusou muito positivo, digamos assim, pro bolo. E para farinha, então, foi uma concentração muito superior", explica.

 

 

 

 

 

 

 

Amostras coletas pelo Instituto Geral de Perícias (IGP)  — Foto: Reprodução/ RBS TV

Amostras coletas pelo Instituto Geral de Perícias (IGP) — Foto: Reprodução/ RBS TV

 

 

 

 

 

 

 

 

O IGP também analisou o material coletado nas três pessoas que morreram. Maida e Neusa, irmãs de Zeli, e Tatiana, sobrinha da idosa. Os exames mostraram uma alta concentração de arsênio no estômago, no sangue e na urina das vítimas.

 

 

No estômago de Tatiana, a perícia identificou a concentração de 384 mil microgramas de arsênio por litro, sendo assim a maior de todas. Isso significa que a concentração estava 11 mil vezes acima do que poderia ser considerado uma contaminação acidental.

 

 

 




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