O delegado da Polícia Civil do Paraná (PCPR) Edgar Santana disse na segunda-feira (28), em coletiva de imprensa, que a investigação apura se houve falha humana, falha mecânica, ou ambas, no acidente entre uma carreta e uma van que resultou na morte de nove pessoas na BR-376.
Santana é responsável pelas investigações e afirma que a carreta deveria ter passado por conserto completo antes de seguir viagem.
"Diante de tantos problemas mecânicos, o mais razoável teria sido parar o veículo", afirmou o delegado.
A carreta tombou sobre a van que transportava um time de remo do Projeto Remar para o Futuro, de Pelotas (RS). Sete atletas, o coordenador da equipe e o motorista do veículo morreram no acidente registrado na noite de 20 de outubro em Guaratuba, no litoral paranaense.
Imagens de câmeras de segurança obtidas pelo Fantástico, da TV Globo, revelam que a carreta foi guinchada antes do acidente e quebrou, pelo menos, três vezes no mesmo fim de semana.
O veículo estava carregado com cerca de 30 toneladas de peças de ferro para carros. A polícia informa que a carreta ficou sem gasolina na sexta-feira (18), ainda no estado de São Paulo.
No sábado (19) pela manhã, teve um problema com a embreagem quando já estava no Paraná. No domingo à noite, tentou seguir viagem, mas parou novamente devido ao rompimento de um fio ligado ao sistema de marchas.
Em depoimento à polícia, o motorista do caminhão, Nicollas Otilio de Lima Pinto, de 39 anos, disse que o veículo apresentou problemas ao longo da viagem e passou pelas mãos de um mecânico duas vezes no domingo - dia do acidente.
O Fantástico também apurou que o caminhão tem dez pneus e cada um apresenta um sistema de freio - cinco não funcionavam e quatro estavam com meia vida mecânica, ou seja, não eram novos, mas ainda podiam ser usados.
O motorista responde por homicídio culposo, quando não há intenção de matar.
Caso seja comprovado que o proprietário do veículo, Heloide Longaray, sabia da condição do veículo e não fez a manutenção preventiva da carreta, ele também poderá ser responsabilizado criminalmente.
O inquérito segue em aberto e a Polícia Civil aguarda laudos que comprovem a condição do veículo antes do acidente.
O que diz a defesa?
A defesa de Nicolas Pinto informou em nota que "em todo tempo o motorista dirigia de forma prudente e compatível com a via" e que um "eventual excesso de velocidade deve ser atribuído à falha mecânica que atingiu o sistema de freios do veículo".
O proprietário do caminhão, Heloide Longaray, também foi ouvido pela polícia e relatou que os freios foram revisados no mês passado. A defesa dele reforça que "todas as normativas para o trânsito e a segurança do veículo foram atendidas".