Exatamente um mês após o corpo de uma menina de 9 anos ser encontrado dentro de contêiner de lixo na cidade de Guaíba (Região Metropolitana de Porto Alegre), os pais da criança foram indiciados na segunda-feira (9) pela Polícia Civil gaúcha. Kerollyn Souza Ferreira, 9 anos, morava com a mãe, suspeita de por violência psicológica e outras formas de maus-tratos.
A causa da morte continua sob investigação e seu detalhamento depende de laudo ainda não concluído pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP). Já o inquérito policial agora está com o Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS). Caberá aos promotores do órgão decidirem se oferece denuncia à Justiça contra o homem e a mulher, que não vivem juntos há vários anos.
A mulher chegou a ser presa mas está em liberdade desde a sexta-feira passada (6), mediante cumprimento de exigências cautelares. Na avaliação da 1ª Vara Criminal da Comarca de Guaíba, a medida era temporária (até domingo) e não se tornou mais necessária para o avanço da investigação e nem oferece risco ao andamento dos trabalhos.
Já o pai, que mora em Santa Catarina, é investigado por violência psicológica e abandono material. A filha chegou a morar com ele nos primeiros meses de vida e depois aos 7 anos, mas acabou voltando para a casa da mãe.
Relembre o caso
Por volta das 7h do dia 9 de agosto, sexta-feira, um reciclador que coletava materiais nas ruas do bairro Cohab Santa Rita, em Guaíba, deparou com o corpo de uma menina dentro de contêiner de lixo próximo a uma escola infantil. Não havia indícios de violência, ao menos aparentemente.
Kerollyn Souza Ferreira, 9 anos, morava em uma casa na região com a mãe e dois irmãos menores, de 5 e 3 anos. De acordo com relatos de testemunhas, a garota era vítima de negligência, passando por episódios de fome, frio e maus-tratos, além de ser vista esmolando em ruas da cidade.
A mulher, de 30 anos, teria envolvimento com álcool, drogas e prostituição. O caso já havia sido encaminhado ao Conselho Tutelar, que informou ter aberto expediente sobre as denúncias de violação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Após o trabalho do IGP no local onde o corpo foi encontrado, o contêiner foi apreendido para análises complementares. O imóvel da família também foi visitado pelos agentes.
Ainda não há informações se a menina morreu dentro da lixeira ou em outro lugar – aspecto que poderá ser elucidado pela análise de imagens de câmeras de segurança da região. Segundo a mãe, ela teria dormido fora de casa horas antes de ser encontrada morta.
No momento em que era conduzida para prestar depoimento, a mulher foi alvo de tentativa de linchamento por moradores da região, mas a Brigada Militar (BM) interveio a tempo de evitar que essa intenção se concretizasse. Um grupo, entretanto, vandalizou os vidros da casa onde a menina residia.