O deputado federal Carlos Alberto da Cunha (PP), popularmente conhecido como youtuber e delegado Da Cunha, foi acusado de agredir a companheira dentro do apartamento em Santos, no litoral de São Paulo. O parlamentar, que acumula mais de 5 milhões de seguidores nas redes sociais, nega as acusações feitas pela mulher.
A nutricionista Betina Grusiecki, de 28 anos, relatou à Polícia Civil paulista que tem união estável com o deputado há três anos. De acordo com o depoimento dela, Da Cunha iniciou uma discussão após consumir bebida alcoólica e, em determinado momento, passou a xingá-la de “lixo” e “put****”. Em seguida, o delegado começou as agressões.
Betina disse ter desmaiado após ele apertar o pescoço e bater a cabeça dela na parede. Quando acordou, ela viu o homem voltar em sua direção e, para se defender, jogou um secador de cabelos nele. O deputado voltou a agredi-la e fez ameaças.
Em nota, a assessoria de imprensa do deputado Da Cunha informou que ele nega veementemente que tenha agredido a companheira.
“Houve uma discussão, em meio à comemoração de seu aniversário, mas em nenhum momento ocorreu qualquer tipo de violência física de sua parte”, diz o comunicado. Ainda segundo a defesa, os fatos “ficarão comprovados no decorrer do inquérito”.
Nascido em Santos (SP), Da Cunha decidiu sair de oficial do Exército e entrar para a Polícia Civil. Ele começou a fazer sucesso na internet com vídeos que mostram operações policiais e o dia a dia dos agentes. Atualmente, ele acumula mais de cinco milhões de seguidores nas redes sociais.
Em 2021, o deputado, em entrevista ao g1, disse que a ideia partiu da vontade de divulgar o trabalho da Polícia. “Principalmente as crianças. Eu tenho muito seguidor de cinco, seis, sete anos de idade. De dez, quinze. Público infanto-juvenil. As crianças estarem olhando o trabalho da Polícia, querendo estar do lado da Polícia, não tem preço”.
No mesmo ano, ele relatou em seu canal no YouTube que tinha sido afastado das ruas e teve que entregar as armas e distintivo. A medida foi tomada após declaração feita durante participação em um podcast com o vereador e ex-PM Gabriel Monteiro (PSD).
Na ocasião, o youtuber falou “que há grande corrupção no alto escalão da PM do Rio de Janeiro”. Em seguida, o deputado disse que há ratos dentro da Polícia.
Após o afastamento, ainda em 2021, ele pediu licença de dois anos da Polícia Civil. Pouco tempo depois, ele confessou publicamente que encenou o vídeo do flagrante de um sequestro em uma comunidade da capital paulista, em julho de 2020.
Os policiais descobriram que um homem era mantido refém na mira de criminosos ligados à facção criminosa. No entanto, após o real flagrante, Da Cunha colocou a vítima de volta no cativeiro e ‘encenou’ a ação policial que havia acabado de acontecer. Desta vez, ele filmou as cenas para publicar em seu canal no Youtube.
A gravação foi publicada e distribuída a diversos veículos de comunicação, como se fosse a verdadeira operação que, na verdade, não foi feita por ele. A descoberta da encenação aconteceu após depoimentos de policiais envolvidos na operação e outras testemunhas ao Ministério Público, durante uma investigação sobre a conduta do delegado.
Neste ano, a arma e distintivos de Da Cunha foram devolvidos ao deputado. Ele permanece afastado do cargo policial.
No ano passado foi eleito deputado federal por São Paulo, sendo o 24ª candidato mais votado. Da Cunha contabilizou 181.568 votos pelo Progressistas.