Redes Sociais

Encontre o que deseja

NO AR

Programa Gilmar Brasil

    Polícia

Universitário é afastado de aulas após suposto caso de racismo contra professora da UFRGS

Aluno teria ofendido a docente ao criticar enunciado da questão de um trabalho acadêmico. Professora conta que era recorrente ele questionar sua autoridade dentro da sala de aula

Publicada em 18/10/2023 as 08:55h por Por Maria Eduarda Ely, g1 RS e RBS TV
Compartilhe
   
Link da Notícia:
 (Foto: RBS TV/Reprodução)

A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre, determinou o afastamento de um aluno das aulas de uma professora, após um suposto caso de racismo contra ela. Gláucia Aparecida Vaz, docente do curso de Biblioteconomia, conta que o universitário disse que ela "não sabia qual era o lugar dela", que continuaria sendo perseguida e odiada.

O caso teria acontecido em 19 julho deste ano, quando a professora chegava ao prédio da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação da UFRGS (Fabico), no bairro Santana, para dar aula.

 

Em nota, a UFRGS disse que recebeu o parecer do caso em agosto deste ano e fez o encaminhamento para a sua corregedoria. Na segunda-feira (16), houve a definição pela abertura do processo. A universidade disse que uma comissão vai ser criada nesta terça-feira (17) para investigar o caso e definir uma possível sanção ao aluno, além do afastamento das disciplinas ministradas pela professora.

 

 

 

Como foi o caso

 

 

Gláucia relata que, assim que passou a catraca da recepção, percebeu que o aluno a aguardava segurando o elevador. Em seguida, ele disse que queria discutir uma questão do trabalho com ela, pois não havia tirado a nota máxima, 15, mas sim 14.

 

"A nota era praticamente a nota máxima, mas ele disse que não era a nota [o motivo da discussão], e sim o enunciado da questão. Ele não concordava com a forma que eu tinha proposto a atividade, mas não deu nenhuma explicação [a respeito do que não concordava]. Falava tudo isso gritando e alterado", lembra a professora Gláucia.

 

Ao ver que o diálogo não estava levando a nada, Gláucia disse que precisava trabalhar e optou por ir de escada até a sala de aula. O aluno pegou o elevador. No entanto, no lance de escadas que ia do terceiro para o quarto andar, o estudante apareceu e impediu que ela subisse.

 

 

"Minha intenção era subir direto, mas ele falou que eu não sabia escutar ninguém, que eu não sabia qual era o meu lugar. E que, ainda que fosse uma mulher – ele usou isso: falou 'uma mulher loirinha dos olhos azuis' –, eu continuaria sendo perseguida e odiada pelas pessoas", conta Gláucia, emocionada.
A professora ainda citou que era recorrente que o aluno questionasse a sua autoridade dentro da sala de aula.
Professora Gláucia recebeu apoio do sindicato e de instituições de direitos humanos — Foto: RBS TV/ReproduçãoProfessora Gláucia recebeu apoio do sindicato e de instituições de direitos humanos — Foto: RBS TV/Reprodução

Tudo isso fez com que a docente buscasse assessoramento jurídico, o que motivou o pedido de abertura de um processo administrativo disciplinar à UFRGS, para que a instituição apurasse a situação.

 

"Eu me senti totalmente desamparada. O que me choca mais nessa história é a falta de humanidade. E acho que isso escancara o racismo institucionalizado", afirma a professora Gláucia.

 

Nesta terça-feira, alunos e entidades civis protestaram em favor da professora e exigindo celeridade no processo aberto pela UFRGS para investigar o caso.

 

 

 

Alunos protestaram em favor da professora Gláucia exigindo mais celeridade ao processo que apura suposto caso da racismo na UFRGS — Foto: RBS TV/Reprodução

Alunos protestaram em favor da professora Gláucia exigindo mais celeridade ao processo que apura suposto caso da racismo na UFRGS — Foto: RBS TV/Reprodução

 

 

Nota da UFRGS

 

 

 

"NOTA DE ESCLARECIMENTO

 

16 de outubro de 2023

 

A Direção da FABICO – Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação vem a público se manifestar em relação a suposta 'inércia' nas providências relacionadas à conduta de racismo ocorrida na Unidade, que vem sendo disseminada nas redes sociais, repudiando veementemente qualquer ato de cunho racista, bem como qualquer tipo de preconceito.

 

Com relação ao ocorrido, a Direção tomou conhecimento dos fatos no dia 23 de agosto de 2023, após encaminhamento do processo pelo Departamento de Ciências da Informação – DCI.

Nesta mesma data, a Direção encaminhou o processo à Corregedoria, instância responsável pela análise de todos os processos desta natureza dentro da UFRGS. Havendo juízo de admissibilidade, a Corregedoria encaminha à unidade para abertura ou não de um Processo Disciplinar.

 

A Direção cobrou o andamento do processo e realizou uma reunião com o Corregedor para discutir o assunto, que informou que seria elaborado o parecer técnico pela Corregedoria. Ressalta-se que existem procedimentos a respeito dessas situações estabelecidos pela universidade e pelo serviço público, que dão lisura ao processo disciplinar.

 

Na data de hoje, 16 de outubro de 2023, o processo foi recebido pela Direção com o parecer favorável à abertura de um processo disciplinar discente. A constituição da comissão responsável pela instauração, inquérito e julgamento do processo foi incluída na pauta da reunião do CONSUNI – Conselho da Unidade, que será realizada na data de 17 de outubro de 2023.

 

A Direção se coloca à disposição de todos os envolvidos para esclarecimento dos fatos.

 

Porto Alegre, 16 de outubro de 2023.




Nosso Whatsapp

 

Visitas: 3591528 | Usuários Online: 228

Copyright © 2019 - Grupo Cidade de Comunicação - Todos os direitos reservados