O dentista Gustavo Najjar, de 37 anos, foi preso nessa semana suspeito de estuprar uma paciente, e importunar sexualmente pelo menos outras sete mulheres, de acordo com a Polícia Civil do Distrito Federal. Um dos casos ocorreu um dia antes do dentista ser preso, segundo o delegado-chefe da 5ª Delegacia de Polícia (Asa Norte), João de Ataliba.
O delegado diz que além da vítima de estupro, ocorrido no consultório do dentista, em um shopping no centro de Brasília, outras três mulheres o denunciaram por importunação sexual e mais quatro vítimas ligaram para a delegacia de forma anônima, após a prisão de Najjar.
O depoimento mais recente, que ocorreu na última quinta-feira, é de uma jovem de 21 anos. Segundo a vítima, a importunação sexual ocorreu na segunda-feira (11), um dia antes da prisão do dentista.
A jovem diz que após conversar com o homem pela internet, foi ao consultório dele, em um shopping na região central de Brasília para fazer uma avaliação para um procedimento estético. Segundo ela, durante a avaliação, Gustavo Najjar pediu para examinar o corpo dela e tentou tocar suas partes íntimas, mas ela o impediu.
Ao sentar na cadeira para fazer o procedimento, o dentista pegou a mão da jovem e a colocou no órgão genital dele. Depois, ele agiu normalmente, sem demonstrar culpa, segundo a vítima.
De acordo com o delegado João de Atibaia, o dentista Gustavo Najjar foi interrogado na quinta-feira, mas ficou em silêncio.
Denúncias anteriores
A primeira vítima, de 33 anos, foi molestada durante uma consulta de avaliação para realizar o procedimento de harmonização no rosto. Segundo a mulher, o dentista pediu que ela mostrasse todas as outras cirurgias estéticas que já havia feito.
Após olhar todo o corpo da vítima, segundo ela, Najjar deu um tapa em suas nádegas. Depois, a agarrou e a estuprou.
Segundo a 5ª DP, o IML constatou que havia presença de vestígios de violência sexual e que o ziper da calça da mulher tinha sido arrebentado.
A segunda vítima, de 31 anos, contou ter sido abusada em dezembro de 2022, durante um curso ministrado pelo dentista em Fortaleza, no Ceará.
De acordo com a Polícia Civil do DF, Gustavo Najjar pediu para a vítima ficar dentro da sala de aula durante o intervalo do curso, para que ele pudesse avaliar uma cirurgia que ela havia feito nos seios. Ele informou, segundo a investigação, que a avaliação seria “estritamente profissional”.
No entanto, o dentista pegou o seio da vítima e passou a acariciá-lo. A mulher disse que tentou deixar a sala, mas foi impedida pelo dentista, que a segurou e tentou beijá-la. Ele só liberou a mulher quando ela disse que estava calma.
A terceira vítima que procurou a polícia tem 44 anos e disse ter sido abusada em 2020, no consultório de Najjar, durante um procedimento estético. Ela afirmou aos policiais que foi medicada para fazer um procedimento e ficou “lenta”.
De acordo com ela, o dentista também perguntou se ela tinha colocado silicone e se tinha ficado com alguma flacidez. A vítima disse que estava confusa com a medicação ingerida e não se recorda de como as coisas foram acontecendo, mas se recorda de estar em pé, em frente a um espelho, com o autor a abraçando por trás com as mãos em seus seios.
Outras quatro vítimas entraram em contato com a delegacia de forma anônima e não quiseram se identificar. Segundo o delegado, foram abusadas e não querem denunciar pois tem medo de “repercussão social, da família e profissional”.
“Mesmo assim procurem a delegacia, registrem ocorrência policial, façam a denúncia contra ele para estar reforçando e fortalecendo outras mulheres”, diz o delegado.
Prisão
O homem está na carceragem da PCDF. A prisão temporária vale por 30 dias, mas pode ser convertida para preventiva, sem prazo determinado. Segundo o delegado, se o dentista for condenado pelas penas máximas dos crimes de estupro, estupro de vulnerável e importunação sexual, ele pode cumprir até 35 anos de pena.
Em nota, o Conselho Regional de Odontologia do Distrito Federal (CRO-DF) afirmou que repudia “qualquer manifestação de violência, sobretudo quando se trata de alegações de abuso sexual”. O conselho informou ainda que não foi notificado oficialmente sobre o caso e que, assim que receber a notificação, “realizará a apuração minuciosa, rigorosa e imparcial dos fatos, assegurando aos envolvidos todas as garantias constitucionais e legais”.