A jovem Raíssa Nunes, acusada de matar Ariane Bárbara, confessou o crime e pediu perdão à mãe da vítima, Eliane Laureano, durante júri popular do caso, em Goiânia (assista vídeo acima). Os réus Raíssa e Jeferson Cavalcante são julgados nesta terça-feira (29).
"Não iria dormir se não falasse a verdade", disse a jovem.
“Tantas vezes que já pedi a Deus pra trazer a Ariane de volta”, completou Raíssa.
O interrogatório de Raíssa começou logo após a finalização dos depoimentos das testemunhas, que falaram até o início da tarde desta terça-feira (29). Antes de começar sua fala, a defesa de Raíssa afirmou ao juiz que a ré permaneceria em silêncio, mas a acusada disse que queria falar e começou a ser interrogada.
Chorando, Raíssa ainda justificou que pensou na própria mãe quando decidiu falar no interrogatório.
“Me falaram para não falar a verdade, mas eu não conseguiria não falar”, disse.
Também amigo dos réus, Enzo Jacomini Carneiro Matos, que usa o nome social de 'Freya', passou por júri popular em março deste ano e foi condenado a 15 anos de prisão por homicídio e ocultação de cadáver.
Crime narrado por Raíssa
Segundo narrado pela ré Raíssa Nunes durante o interrogatório, no dia do crime, ela e a menor estavam sentadas dentro do carro ao lado de Ariane, Jeferson estava dirigindo e Freya no banco da frente. Ela contou que quando tocou a música que elas escolheram como o “momento para o crime”, começou a enforcar Ariane.
“Ela começou a perguntar o que eu tava fazendo e a [menor] perguntou o que eu tava fazendo. Eu pensei que não tava agradando ela. Aí eu fui pro banco da frente. A Freya passou para o banco de trás e começou a enfocar a Ariane”, disse.
Em seguida, a menor teria chamado Raissa para o banco de trás e mandou que ela esfaqueasse a vítima.
“Fui eu quem dei a primeira facada, que foi no peito, ela tava ainda acordava”, completou.
Depois, as acusadas teriam jogado Ariane no porta-malas, ainda com o carro em movimento, porque a “tampa” já havia sido retirada. O celular da vítima foi destruído pela menor e jogado pela janela, segundo Raissa.
“A [menor] falou: Jeferson, Freya, eu tô muito orgulhosa de vocês, mas Raissa, eu tô decepcionada com você porque você não matou ela”, disse Raissa.
Após o crime, os acusados saíram para lanchar em um shopping. Raissa disse que
Jeferson pagou o lanche.
Relembre o caso
De acordo com a denúncia do Ministério Público de Goiás (MPGO), Raissa, Jeferson e Enzo teriam conhecido Ariane em uma pista de skate pública. O órgão explica que o trio atraiu a jovem dizendo que eles iam lanchar e depois, mediante violência física e golpes de faca, a mataram.
O crime aconteceu no dia 24 de agosto de 2021, por volta das 21 horas, no interior de um veículo. Narra a denúncia que, com o veículo em movimento, Raissa tentou estrangular Ariane, mas a força empregada não foi suficiente.
Ariane Bárbara, que tinha 18 anos, ficou sete dias desaparecida até ter o corpo encontrado em uma mata de um bairro de classe alta da capital. Na investigação, a polícia descobriu que três amigos e uma adolescente planejaram a morte, que seguiu uma espécie de ritual dentro do carro onde foi levada.
Segundo a polícia, o objetivo do crime era descobrir se Raíssa Nunes Borges, uma das amigas, era psicopata. Para isso, ela tinha que matar uma pessoa para avaliar a própria reação após o assassinato. Ariane Bárbara foi escolhida pelos amigos por ser pequena e magra. Assim, se ela reagisse, os três conseguiriam segurá-la com mais facilidade, segundo a polícia.