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Homem morto em ação da polícia teve o filho tirado do colo antes de ser fuzilado em mangue, diz esposa

Cleiton Barbosa Moura, de 24 anos, morreu durante operação da polícia em resposta à morte de um PM da Rota em Guarujá (SP). Família fala em execução e inocência do homem

Publicada em 01/08/2023 as 08:40h por Por g1 Santos
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 (Foto: Arquivo Pessoal e Reprodução)

A esposa de Cleiton Barbosa Moura, uma das pessoas mortas durante a operação policial em Guarujá, no litoral de São Paulo, afirmou que o marido foi executado a sangue frio. Ela contou nesta terça-feira (1º), que o homem foi arrastado de casa para um mangue e "fuzilado" perto do filho de 10 meses. A Polícia Civil informou que as 10 mortes na ação ocorreram durante confrontos com os agentes.

Cleiton, de 24 anos, morreu baleado na Rua Operária, no Sítio Conceiçãozinha, ao lado de casa, no último dia 29 de julho. Segundo a esposa dele, que preferiu não se identificar, o marido era ajudante de pedreiro, mas havia sido preso por tráfico de drogas em 2020.

 

"Ele estava terminando de pagar o 'BO' dele, mas isso não justifica o que fizeram", desabafou a mulher. "O sentimento é de tristeza. Antes de dormir o nosso filho chama 'papai'. Ele agora não tem mais o papai perto dele".

 

 

A mulher disse também que os policiais 'forjaram' crimes de Cleiton na ocasião. De acordo com ela, os agentes pegaram uma das mochilas das crianças e colocaram drogas - não especificadas - dentro, assim como registraram que o marido dela estava com uma pistola no local.

 

 

 

Morte de Cleiton

 

 

A mulher disse que morava com Cleiton e mais cinco filhos dela no local, sendo apenas um - o bebê de 10 meses - fruto da relação com o homem baleado. Ela afirmou que, na data do ocorrido, trabalhava fora de casa e havia deixado o marido cuidando da criança.

 

À mulher contou ter sido informada que policiais entraram no imóvel e arrastaram Cleiton para fora, levando o homem para uma área de mangue ao lado da casa. A mulher afirmou que o marido foi executado por um tiro de fuzil, mas não soube dizer a parte do corpo onde ele foi atingido.

 

De acordo com a viúva, instantes após a suposta execução, um dos filhos dela, de 13 anos, voltou para casa e viu a situação. "Perguntaram: ele mexe com vocês? Maltrata?
Meu filho disse que não. E foi ai que esse policial [voltou ao beco e] deu dois tiros para o alto, para fingir que foi o meu esposo".

 

 

Por fim, ela relatou que o bebê foi entregue por um policial ao outro filho dela, de 13 anos, antes dos agentes deixarem o local. Segundo a família, Cleiton foi enterrado na última segunda-feira (31), no Cemitério Consolação, também em Guarujá (SP).

 

 

 

 

 

Moradores relatam medo

 

Moradores fizeram uma manifestação, na noite de segunda-feira (31), na entrada do bairro Sítio Conceiçãozinha, em Guarujá, contra a operação da Polícia Militar (PM) iniciada na última sexta-feira (28), após a morte do PM da Rota Patrick Bastos Reis.

"A população inteira do Guarujá (SP) só quer paz [...]. O direito é de levar e prender, não é estar matando ninguém que nem bicho. Cada um tem que pagar o preço pelo que fez, [mas] não acontecer do jeito que estão fazendo. Matando, desovando e desrespeitando. Não é dessa forma", disse uma das moradoras, que preferiu não se identificar.

 

Os manifestantes informaram que os policiais estão invadindo residências da comunidade, agredindo e matando, de acordo com eles, trabalhadores. (Veja os relatos completos no áudio acima).

 

"Nem todo mundo é bandido. A gente é trabalhador. Só está morrendo trabalhador [...]. Já mataram vários e a gente precisa acabar com isso. A gente precisa de segurança. Nós estamos pedindo socorro", afirmou outra moradora da comunidade.

 

 

 

Áudios de desespero

Moradora de Guarujá, SP, informou à TV Tribuna que mortos foram torturados, que não existiu confronto com a polícia — Foto: TV TribunaMoradora de Guarujá, SP, informou à TV Tribuna que mortos foram torturados, que não existiu confronto com a polícia — Foto: TV Tribuna

 

Eles falam que a polícia tem levado terror com a operação e citam casos de tortura, cenas forjadas, xingamentos, invasões e execuções.

 

 

 




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