A Polícia Civil deflagrou, na manhã desta quarta-feira (14), a décima fase da Operação Caritas, que investiga um esquema de corrupção na prefeitura de Canela, na Serra Gaúcha.
Foram cumpridos 218 mandados no município, em Porto Alegre, Marau e Tijucas (SC). Entre as ordens judiciais, estão duas prisões preventivas, três afastamentos cautelares de servidores públicos, 29 mandados de busca e apreensão, mais de cem quebras de sigilo, apreensões de veículos, bloqueios de contas bancárias, sequestro de imóveis e proibição de contratação com o Poder Público.
Esta etapa da Operação Caritas se concentrou na Secretaria Municipal de Turismo de Canela. De acordo com o delegado Vladimir Medeiros, uma organização criminosa instalada na pasta realizava contratações de empresas por inexigibilidade de licitações, as quais, após receberem os valores pagos pela prefeitura em contratos, repassavam parte da quantia a agentes e servidores públicos da secretaria.
As investigações apuraram, inclusive, pagamentos diversos feitos diretamente nas contas dos investigados ou aquisição de bens, como imóveis e veículos, por parte dos empresários contratados pelo Executivo municipal para a realização de eventos na cidade.
A Polícia Civil verificou ainda um esquema ilegal em que empresários da região patrocinavam eventos e reformas em prédios públicos de Canela, realizando os pagamentos, no entanto, em contas particulares ou das empresas de sócios ocultos ou servidores, de modo a dificultar a fiscalização e controle sobre os valores.
A investigação, iniciada em novembro do ano passado, apura, ao todo, a participação de 48 pessoas no esquema, sendo 27 físicas e 21 jurídicas, entre servidores públicos e empresários do ramo de turismo e eventos. Foram apuradas possíveis irregularidades em pagamentos e contratos que somam cerca de R$ 2,8 milhões.
Nesta quarta, foram realizadas buscas em 29 endereços, sendo 26 deles em Canela, incluindo prédios públicos, como a prefeitura e a Secretaria de Turismo, além de empresas e residências na cidade.
Foram presos um ex-agente público lotado na secretaria e dois empresários do ramo de eventos. Outros três servidores foram afastados cautelarmente dos seus cargos.
Os policiais apreenderam cinco veículos avaliados, no total, em cerca de R$ 500 mil. Vinte e duas pessoas físicas e jurídicas foram proibidas de contratar com o Poder Público pelo período de um ano, sendo todas elas ligadas ao ramo de turismo e eventos. Na ação, ainda foram bloqueados valores em dez contas bancárias.
A polícia sequestrou dois imóveis em Canela, cada um avaliado em mais de R$ 1 milhão. Eles pertencem a um ex-agente público. Ao todo, 90 policiais civis participaram da operação policial.