Há uma semana, moradores de Cachoeirinha, na Região Metropolitana de Porto Alegre, denunciaram o descarte irregular de lixo no Rio Gravataí, que abastece seis municípios. A prefeitura do município diz que a limpeza deve começar ainda nesta semana. Mesmo assim, a população organizou um mutirão no domingo (12). Segundo moradores da cidade, a ação foi uma forma de protesto.
"Nós, sabe, devido a achar uma grande demora das autoridades para começar uma limpeza de fato, resolvemos fazer um ato de mutirão de limpeza aqui para selecionar o lixo e vermos que lixo é esse", afirma o ambientalista Antônio Ribeiro.
As pessoas que participaram do mutirão usaram uma espécie de gaiola improvisada para retirar o lixo do rio, que está despejado ao longo de 100 metros. Elas encontraram capacetes, pedaços de automóveis, roupas, bolsas e calçados, além de materiais de plástico, papel, metal e vidro.
A prefeitura da cidade acompanhou a ação, mas alertou as pessoas de que esse trabalho deve ser feito por profissionais especializados.
"De forma alguma poderiam ser colocadas as mãos nesse lixo, pelo grau de poluição, tanto do nível, quanto dos resíduos. Sob pena aqui de um caos de saúde pública, sanitária, isolamos a área aqui, a área está isolada, o pessoal avançou, nós vamos verificar, agora, a providência", diz o prefeito de Cachoeirinha, Cristian Rosa (MDB).
O prefeito Rosa afirma que a limpeza adequada deve começar nesta semana, mas que a organização do processo não tem sido simples.
"Ontem [domingo, 12] mesmo nós fomos ao local com a empresa que trata da limpeza do arroio dilúvio e, [devido ao] tamanho da complexidade, ela não se sentiu capaz, no momento, de fazer esse trabalho. Na quinta-feira (9), recebemos a liberação do departamento de recursos hídricos, que era obrigatório, em virtude da legalidade. (...) Nós temos que cuidar para ter o menor impacto ambiental possível e tudo dentro da legalidade", conta o prefeito Rosa.
A prefeitura aguarda propostas de outras empresas que teriam condições de fazer a limpeza do rio. Nove municípios que compõem a bacia hidrográfica de Gravataí trabalham nisso.
"Não dá pra ficar parado, não dá pra ficar olhando, não dá para simplesmente denunciar e ficar esperando o poder público agir com as suas morosidades, que a gente sabe que tem", afirma o ambientalista Antônio Ribeiro.
Risco ao Guaíba
O lixo foi lançado no rio ao longo do leito, que tem 39 km. O Gravataí nasce em Santo Antônio da Patrulha, no Litoral Norte, e passa por seis municípios até desaguar no Guaíba, em Porto Alegre.
As autoridades agora correm contra o tempo para montar uma operação para retirar todo o lixo do rio antes da chuva, pois esses resíduos podem parar no Guaíba.