Após a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) anunciar na última semana que elevará os preços do aço no Brasil em 10% a partir do dia 1º de janeiro, outras companhias devem seguir o mesmo movimento de reajuste. A informação foi repassada ontem pelo presidente do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), Carlos Loureiro, durante coletiva de apresentação de resultados do setor.
Segundo o executivo, a Gerdau, maior empresa brasileira produtora de aço, deve ser uma das siderúrgicas a elevar o preço do produto. “Tivemos a informação de um associado que a Gerdau deve aumentar o preço na primeira quinzena de janeiro em torno de 12,5%”, disse. “Mas não é oficial. A usina em si ainda não nos informou nada”, ressalta. Procurada pela reportagem, a companhia nega a informação.
Conforme Loureiro, os reajustes, na realidade, “não seriam um aumento de preço, mas mais uma redução de descontos concedidos ao longo do segundo semestre deste ano”. De acordo com ele, desde janeiro os preços de aços planos vendidos pelas usinas no País recuaram mais de 40%, sendo assim, há um movimento de diminuição dos descontos do começo do ano.
No mercado internacional, os preços da liga também apresentaram elevação nas últimas semanas, principalmente, em virtude de um reaquecimento do mercado chinês, maior consumidor de aço do mundo. Segundo o presidente do Inda, essa perspectiva de melhora no país asiático pode estimular um aumento nos valores para 2023.
Ainda em relação ao ano que vem, Loureiro afirma que a expectativa é que o setor cresça entre 2,5% a 3%, na medida em que a economia brasileira aumente cerca de 1%, como previsto. O percentual é inferior ao crescimento esperado para este ano, que, segundo ele, deve ser de 3% a 3,5% em vendas, e um pouco superior em compras.
Resultados do setor
O presidente do Inda detalhou na apresentação os dados de novembro do mercado brasileiro de distribuição de aços planos. Os distribuidores encerraram o mês com a venda de 290,6 mil toneladas, um recuo de 6,3% ao apurado em outubro (310 mil toneladas). Já o volume de aços comprados pelo setor somou 284 mil toneladas, 10,3% inferior ao do mês imediatamente anterior (316,5 mil toneladas).
Entre janeiro e novembro de 2022, as vendas cresceram 4,4% ao totalizarem 3.473,9 milhões de toneladas. Neste mesmo intervalo de 2021, o volume foi de 3.328,8 milhões de toneladas. Quanto às compras de aço realizadas pelos distribuidores, houve uma leve alta de 0,3%. No total, foram 3.491,0 milhões de toneladas adquiridas no acumulado deste ano, contra 3.480,2 no exercício passado.
No mês passado, os estoques atingiram o montante de 831,3 mil toneladas e reduziram 0,8% frente ao mês anterior (837,9 mil toneladas). O giro dos estoques fechou em 2,9 meses. O total de aços importados pelos distribuidores somaram 156,7 mil toneladas e registrou quedas de 12% em relação a outubro (177,9 mil toneladas) e 35,1% na comparação com o mesmo mês do ano anterior (241,5 mil toneladas). Os embarques totalizaram 655,2 mil toneladas.
Para dezembro, mês tradicionalmente fraco para o setor, a projeção é ainda mais pessimista. Um dos motivos citados é o impacto da realização da Copa do Mundo e a sazonalidade ambiental. “O mês está muito ruim, por conta da Copa do Mundo e da sazonalidade, bem como a pouca estabilidade no mercado. Então estamos projetando uma queda de 20%”, salienta Loureiro.