Em um clima descrito como “descontraído” e “muito positivo”, o presidente Lula promoveu no sábado (7), no Palácio da Alvorada, um churrasco para ministros do governo e do Supremo Tribunal Federal logo após o desfile de 7 de Setembro, em Brasília. Um dos convidados foi o ministro Alexandre de Moraes, que a cerca de mil quilômetros dali era criticado por bolsonaristas organizados na Avenida Paulista, em São Paulo.
A manifestação virou tema de piadas no churrasco de Lula, à base de costela e feijão tropeiro. “Alexandre, já já começam as suas homenagens”, ironizou um ministro, arrancando risos dos presentes. Moraes estava de bom humor e, segundo relatos, não demonstrou preocupação com o ato que pedia seu impeachment. Ninguém usou o celular para acompanhar o protesto.
O STF estava bem representado no Alvorada. Gilmar Mendes, Edson Fachin, Cristiano Zanin, Luís Roberto Barroso e até Dias Toffoli, que mantém relação tensa com Lula, prestigiaram o almoço. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, que foi ao desfile, não compareceu.
Da parte do governo, estiveram os ministros Alexandre Silveira (Minas e Energia), Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Jader Filho (Cidades), José Múcio Monteiro (Defesa), Jorge Messias (AdvocaciaGeral da União) e Paulo Pimenta (Apoio ao Rio Grande do Sul).
Em momentos de menor descontração, ministros comentaram a mais recente polêmica do governo federal, a demissão de Silvio Almeida do Ministério dos Direitos Humanos por denúncias de assédio sexual. Todos lamentaram o episódio e concordaram que o ex-ministro não reunia condições de ficar no cargo.
Ato cívico
As comemorações do 7 de Setembro, no sábado, tiveram o ministro Alexandre de Moraes como protagonista. Em Brasília, o magistrado participou da cerimônia oficial do aniversário de 202 anos da Independência ao lado do presidente Lula e de outros ministros da Corte. Já em São Paulo, Moraes foi alvo de ataques e pedidos de impeachment por parte de Jair Bolsonaro, que o chamou de “ditador”, e aliados do ex-presidente.
“Eu espero que o Senado Federal bote um freio em Alexandre de Moraes, esse ditador que faz mais mal ao Brasil do que o próprio Luiz Inácio Lula da Silva”, afirmou Bolsonaro, que estava gripado e rouco, ao lado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e do pastor Silas Malafaia.
Se na capital paulista o público pedia o impeachment de Moraes, chamado de “cabeça de ovo”, e a anistia para os presos na esteira dos atos golpistas de 8 de janeiro do ano passado, em Brasília o ministro foi ovacionado. Aos gritos de “Xandão”, acenou às arquibancadas montadas na Esplanada dos Ministérios para o desfile cívico-militar.
Além de Moraes, o presidente do STF, Luis Roberto Barroso, e os ministros Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Edson Fachin e Cristiano Zanin compareceram à cerimônia. As informações são dos jornais O Estado de S. Paulo e O Globo.