No mesmo mês em que realizaram “Tratoraço” e “Dia de Luto” em diversas cidades gaúchas, entidades engajadas ao movimento “SOS Agro RS” preparam para esta semana uma nova caravana de protesto. O destino agora é Brasília, com um acampamento em frente ao Congresso Nacional, para intensificar a pressão por maior apoio do governo federal à categoria após as enchentes de maio no Estado.
Dentre as principais demandas do setor junto ao governo federal está a prorrogação das dívidas por 15 anos, com carência de três anos e juros anuais de 3%. Outra reivindicação diz respeito à concessão de mais créditos para reconstrução, reinvestimento e capital-de-giro nas propriedades.
Representantes do agronegócio no Rio Grande do Sul também estão incomodados com declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em sua mais recente visita ao Estado, na sexta-feira (16). Ele fez críticas a dirigentes do setor e também a líderes patronais do comércio, a quem atribuiu características como “grosseiros”, “sectários” e “antigoverno”.
Apesar do clima de animosidade em relação ao governo federal, a ideia é promover uma manifestação pacífica. Nos dois protestos anteriores não foram registrados incidentes.
“Tratoraço”
No dia 8 de agosto, o “SOS Agro RS” comandou um megaprotesto que teve como ápice a entrada de centenas de veículos agrícolas em Porto Alegre, nas primeiras horas da manhã, em um comboio chamado de “Tratoraço”. O itinerário abrangeu as rodovias federais BR-386, BR-116, BR-448 (Rodovia do Parque), BR-290 (Freeway) e avenida Castelo Branco.
Houve congestionamento no trânsito, principalmente nas imediações da Capital. Em seguida, os manifestantes motorizados se deslocaram pelas avenidas Mauá (Centro Histórico) e Beira-Rio (Praia de Belas). Nesta última, a Empresa Pública de Transporte e Circulação já havia bloqueado uma das faixas da Beira-Rio, nos dois sentidos, desde a madrugada.
Tratores, caminhões e outros veículos utilizados no protesto foram estacionados no entorno do Parque Harmonia, onde a manifestação foi realizada no centro de eventos Casa do Gaúcho. Não foram registrados incidentes e nem divulgada uma estimativa oficial do número de participantes.
O governador Eduardo Leite participou do ato. Ele aproveitou a oportunidade para novamente cobrar soluções federais para a recuperação do setor no Rio Grande do Sul – segundo ele, as medidas anunciadas até agora são insuficientes para atender às demandas do segmento, afetado pela maior catástrofe já ocorrida no Estado e por eventos climáticos anteriores, como a estiagem.
Em discurso no Parque da Harmonia, o mandatário do Palácio Piratini também acusou o governo federal por uma suposta disparidade no que se refere às políticas de incentivo às diferentes regiões do País.
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, avaliou a manifestação como legítima. Ele comentou: “O governo do presidente Lula está aberto a melhorar o que já tem feito. Todas as medidas necessárias para que os produtores possam reconstruir suas vidas serão tomadas”.
Já na sexta-feira passada (16), foi a vez de um protesto ao qual aderiram vários comerciantes do Rio Grande do Sul. Integrantes do “SOS Agro RS” estimam que ao menos 300 das 497 cidades gaúchas tiveram algum tipo de protesto, incluindo lojas com portas fechadas entre meio-dia e 15h.