A decisão do bolsonarismo de só protocolar o pedido de impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes em 9 de setembro foi calculada. Em reunião na liderança do PL na Câmara dos Deputados, na última quarta-feira (14), expoentes da oposição concordaram que é preciso ter apoio popular para dar andamento ao processo.
A portas fechadas, combinaram novas manifestações contra o magistrado na Avenida Paulista, em São Paulo. Ainda não há data certa, mas uma ala importante defende que o protesto seja em 7 de setembro, Dia da Independência. Enquanto isso, seguirá a coleta de assinaturas de parlamentares e juristas para o pedido de impeachment. A preço de hoje, ninguém aposta, porém, que o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD), vá acolher a ofensiva contra Moraes.
A mais recente manifestação na Paulista convocada por bolsonaristas, em junho, foi esvaziada. A oposição espera que a revelação da Folha de S.Paulo de que Moraes teria usado o TSE como braço investigativo de seu gabinete no STF dê fôlego à nova investida. O ministro nega irregularidades e tem apoio na Corte.
Auxiliares do presidente Lula, por sua vez, dizem não ver gravidade nas ações de Moraes, e avaliam que a oposição usa a notícia para tentar anistiar o ex-presidente Jair Bolsonaro. Na quarta, em evento da AGU, o ministro Jorge Messias pediu aplausos para Moraes, que estava presente. “Somos gratos ao seu trabalho.”
Até sob reserva, governistas colocam panos quentes no que veio a público, e rejeitam comparações com o caso da “Vaza Jato”. Procurado, o senador Moro, ex-juiz que teve sentenças anuladas após vazamento de conversa, disse que não comentaria. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
PGR
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, arquivou a notícia-crime apresentada pelo partido Novo contra o ministro do Supremo Alexandre de Moraes. A legenda pedia que o magistrado fosse investigado por falsidade ideológica e associação criminosa. O documento contemplava ainda o juiz Airton Vieira e o perito criminal Eduardo Tagliaferro.
A notícia-crime estava relacionada à reportagem do jornal Folha de S.Paulo que diz que Moraes pediu de forma não oficial que a Justiça Eleitoral elaborasse relatórios para embasar suas decisões no inquérito das fake news contra bolsonaristas em 2022.
A ação de Moraes se deu por meio do setor de combate à desinformação do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), presidido por ele à época. As mensagens e arquivos foram trocados entre Moraes, seus auxiliares e outros integrantes de sua equipe pelo WhatsApp. Entre eles, Airton Vieira e Eduardo Tagliaferro, que estava no TSE até ser preso por violência doméstica contra a mulher.