Mesmo sendo alvos de reiterados ataques nos últimos anos, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) se surpreenderam ao descobrir que desinformações espalhadas contra eles nas redes sociais partiram de dentro Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
Segundo a Polícia Federal (PF), o suposto esquema montado dentro do órgão foi usado para monitorar e atacar adversários do governo Jair Bolsonaro (PL). Uma nova fase da Operação Última Milha foi deflagrada. Após as diligências, o ministro Alexandre de Moraes decidiu tirar o sigilo de parte dos autos.
Além de Moraes, entraram na mira da “Abin paralela” os ministros Dias Toffoli, Luiz Fux e Luís Roberto Barroso, atual presidente do STF. De acordo com o relatório da PF, o objetivo dos ataques aos magistrados era questionar a segurança do sistema eleitoral. Para os investigadores, atacar as urnas eletrônicas era um “mantra reiterado nas ações de desinteligência”.
Em um dos casos identificados, o policial federal Marcelo de Araújo Bormevet, que atuava na Abin, determinou ao seu subordinado Giancarlo Gomes Rodrigues que “mandasse bala” para “sentar o pau” em um assessor de Barroso, após um perfil bolsonarista publicar desinformação sobre as urnas. Os dois foram presos na quinta-feira.
Em uma das mensagens, Bormevet pede que as informações sejam divulgadas no “grupo dos malucos”, o que, para os investigadores, demonstraria a “plena ciência dos interlocutores da desarrazoada desinformação produzida”.
“As ações direcionadas aos ministros da Suprema Corte em razão do exercício de suas funções além de atos de embaraçamento de investigações, também perfazem atos que atentam contra o livre exercício do Poder Judiciário”, disse a PF.
O relatório apontou também que “os atos direcionadas para desacreditar o sistema eleitoral não se restringiram aos ataques direcionados aos ministros do Supremo Federal, mas também contra familiares dos membros da mais alta Corte de Justiça”.
“A circunstância ressalta que os investigados tinham a plena ciência de suas ações em especial a produção de desinformação sem qualquer lastro com a realidade com subsequente respectiva difusão de desinformação seja por meio dos vetores de propagação cooptados, seja em grupos de rede social materializando o ataque, neste evento, ao Poder Judiciário”, escreveu a PF.