A Polícia Federal (PF) deverá indiciar nos próximos dias o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em duas investigações: das joias sauditas e da fraude do cartão de vacina. A informação foi divulgada pelo jornal O Globo. Os investigadores pretendem encerrar também, até o final deste mês, as apurações sobre tentativa de golpe de Estado.
O indiciamento é quando o órgão policial conclui que há elementos suficientes de autoria de crimes e encaminha o caso ao Ministério Público, que decidirá se apresenta a denúncia à Justiça ou arquivará o caso.
No caso da fraude em cartão de vacina, a PF já havia indiciado o ex-presidente e 16 pessoas. Apesar das expectativas de uma denúncia pela Procuradoria Geral da República, o PGR, Paulo Gonet, pediu um maior aprofundamento das acusações ao Supremo Tribunal Federal. Os resultados serão apresentados nesta semana.
O caso das joias sauditas investiga se houve peculato – apropriação irregular de bem do Estado. Quando era presidente, Bolsonaro recebeu três pacotes de joias do governo saudita avaliados em R$ 16,5 milhões. Segundo a PF, o governo do ex-presidente teria tentado trazer ao Brasil de forma ilegal as joias.
As últimas diligências da investigação ocorreram entre 25 de abril e 11 de maio, quando uma equipe da PF viajou aos Estados Unidos para realizar entrevistas e visitar lojas onde as joias foram comercializadas de forma ilegal.
O ex-presidente Jair Bolsonaro ganhou joias e presentes no exercício do mandato, e investigações da PF mostram que os itens começaram a ser negociados nos EUA em junho de 2022.
Entre elas estava um kit de joias composto por um relógio da marca Rolex de ouro branco, um anel, abotoaduras e um rosário islâmico entregue a Bolsonaro em uma viagem oficial à Arábia Saudita em outubro de 2019.
Ao longo das investigações, Bolsonaro negou qualquer crime e envolvimento em práticas ilícitas em ambos os casos.
Além destas, Bolsonaro é alvo de outras investigações da Polícia Federal. Dentre eles, há a suposta tentativa de golpe de Estado em 2022, cujos novos desdobramentos devem sair no mês de julho.
A expectativa é alta para os resultados deste inquérito, tanto por parte da população em geral quanto da defesa de Bolsonaro, que teme uma possível prisão apenas em relação a esse caso.
A demora se deve a novos elementos — vídeos, imagens e falas —, que surgiram e levaram a uma ampliação da investigação, com relatório final esperado inicialmente para o fim do ano passado.