No dia em que o pai foi indiciado pela Polícia Federal (PF) por fraude em cartões de vacinação da covid-19, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou que prender o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) “não vai ser fácil” e questionou se a corporação vai “continuar sendo cachorrinho” do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Com o relatório final do inquérito, o caso segue para o Ministério Público Federal (MPF), a quem cabe analisar se oferece denúncia formal à Justiça para abertura de ação penal. O ministro do STF, relator do caso, deu 15 dias para a Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifestar.
A entrevista de filho “03″ de Bolsonaro foi concedida ao jornal Diário da Região nesta terça-feira (19). Eduardo está em São José do Rio Preto (SP), para participar de eventos em comemoração ao 172º aniversário do município do interior paulista. Além de cumprir agenda na 17º Batalhão da Polícia Militar, onde foi condecorado, também participará da Marcha de Jesus.
O deputado cobrou que a PF investigue uma suposta invasão e inserção de registro falso de vacinação do ex-presidente no Sistema Único de Saúde (SUS), feita por alguém usando um e-mail com o nome “Lula”.
“A PF vai investigar esse e-mail ou vai continuar sendo cachorrinho do Alexandre de Moraes? A Gestapo de Alexandre de Moraes? Ninguém aguenta mais isso não”, disse o deputado, referindo-se à polícia secreta do regime nazista.
O caso citado pelo deputado federal não é o mesmo investigado pela PF. A informação de que o usuário de Jair Bolsonaro no sistema municipal de Saúde em São Paulo, o “VaciVida”, estava com o e-mail “lula@gmail.com” foi revelada pela prefeitura da capital paulista em maio de 2023, que abriu um boletim de ocorrência para investigar o caso.
A Controladoria-Geral da União (CGU) concluiu, em janeiro deste ano, que o registro é falso e apontou falhas no sistema que dificultam a localização do autor da fraude, como o compartilhamento de senha entre todos os funcionários da UBS onde, no registro, diz que o imunizante foi aplicado.
Já o inquérito no qual Bolsonaro foi indiciado trata de registros de doses supostamente aplicadas em Duque de Caxias (RJ). Os investigadores sabem que quem inseriu os dados no sistema do Ministério da Saúde foi o secretário municipal João Carlos de Sousa Brecha, outro indiciado pela PF nesta terça. A emissão do certificado com os dados supostamente fraudulentos partiu da conta ligada ao ex-presidente, cujo e-mail utilizado era do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, também indiciado.