O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sofreu duras derrotas na última semana com as derrubadas, pelo Congresso, dos vetos sobre o marco temporal para demarcação de terras indígenas e sobre a desoneração da folha e a redução dos encargos cobrados sobre os salários dos empregados. Entre os “traidores” estão parlamentares da base governista, líderes do governo e até um ministro de Estado.
O titular da Agricultura, Carlos Fávaro (PSD-MT), foi exonerado do cargo na terça-feira para ajudar na aprovação do ministro da Justiça, Flávio Dino, ao Supremo Tribunal Federal (STF). Fávaro, no entanto, “esticou” sua volta ao Senado e se aliou à oposição para derrubar os vetos de Lula ao marco temporal das terras indígenas e à prorrogação da desoneração da folha de pagamento.
Além disso, 11 dos 12 deputados do PSB, partido do vice-presidente Geraldo Alckmin, votaram contra o governo Lula na desoneração da folha. A exceção foi a deputada Tabata Amaral (PSB-SP), pré-candidata à Prefeitura de São Paulo.
O veto ao marco temporal foi derrubado na Câmara dos Deputados por 321 votos a favor e 137 contra e no Senado por 53 a 19. Já em relação à desoneração da folha, o governo perdeu por 378 a 78 na Câmara e por 60 a 13 no Senado.
Votos contrários
Entre as lideranças do governo no Senado que votaram contra o próprio governo em ao menos uma das duas pautas estão os senadores Daniella Ribeiro (PSD-PB), Jorge Kajuru (PSB-GO), Professora Dorinha Seabra (União BrasilTO), Weverton (PDT-MA) e Zenaide Maia (PSD-RN). Ou seja, seis dos oito parlamentares do bloco.
Já na Câmara, oito dos 18 vice-líderes do governo ajudaram a derrubar os vetos presidenciais. São eles os deputados Emanuel Pinheiro Neto (MDB-MT), Josenildo (PDT-AP), Jonas Donizette (PSB-SP), Bacelar (PV-BA), Waldemar Oliveira (AvantePE), Igor Timo (PodemosMG), Marreca Filho (PatriotaMA) e José Nelto (PP-GO).
No caso da desoneração, até mesmo parlamentares do PT, partido do presidente da República, votaram contra o veto de Lula. Zé Neto (BA) e Paulo Paim (RS) foram os “dissidentes” da sigla na Câmara e no Senado, respectivamente. A esquerda também contou com nomes como Orlando Silva (PCdoB-SP), Duda Salabert (PDT-MG) e Duarte Júnior (PSB-MA) se juntando à oposição.