A cantora e compositora Luciane Dom denunciou nas redes sociais que teve o seu cabelo revistado no aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, na quinta-feira (14). Ela afirmou que foi abordada por uma funcionária do terminal para uma “revista aleatória” pouco antes de embarcar em um voo com destino a São Paulo.
“Eu já tinha passado a mala no scanner, e eu mesma já tinha passado no scanner corporal”, relatou a artista. “A mulher me diz: ‘tenho que olhar seu cabelo’. Olho para ela aterrorizada com a violência desse ato. Ela chama o superior. Meu dia acabou”, contou a cantora.
Em nota, a Infraero, estatal responsável pela administração do aeroporto, afirmou que Luciane foi selecionada aleatoriamente para uma inspeção manual e que, após averiguação interna, foi constatado por imagens de câmeras de segurança que não houve inspeção nos cabelos dela.
A empresa afirmou ainda que a revista é um dos procedimentos previstos para garantir a segurança do passageiro e demais usuários e que ela é feita independente de origem, raça, sexo, idade, profissão, cargo, orientação sexual, orientação religiosa ou qualquer outra característica do passageiro.
“A Infraero reitera que repudia quaisquer formas de discriminação, que comportamentos como injúria racial e racismo não são tolerados nos aeroportos sob sua administração e está à disposição das autoridades competentes para os esclarecimentos que se façam necessários”, prosseguiu a empresa.
“A gente vive em uma estrutura racista. Fere a nossa dignidade. Revistaram a minha mala, o scanner não apitou nada. A gente está em 2023. A parada parece que não muda. Não quero me sentir adoecida por isso. É muito cruel”, lamentou a cantora. “Foi tudo muito rápido e sutil. O racismo de todo dia não se vê em câmeras de segurança. Peço que parem o assédio e a reprodução dessa violência”, declarou.
Ministra
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, lamentou a situação. “Infelizmente, casos como esses não são pontuais. Nosso corpo e nosso cabelo precisam ser respeitados”, afirmou.
Anielle também lembrou de um relato da sua irmã, a vereadora do Rio Marielle Franco, que teve o cabelo revistado no aeroporto de Brasília. O Ministério da Igualdade Racial acompanha o caso.