O senador Sergio Moro (União) é acusado dos crimes de caixa 2, abuso de poder econômico, uso indevido de meios de comunicação e de assinar contratos irregulares. A ação contra o ex-juiz, responsável pela operação Lava-Jato de Curitiba, foi movida no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), em junho deste ano, pelo partido político PL e pela federação PT, PV e PCdoB.
Moro, segundo a acusação, obteve vantagens indevidas na disputa ao Senado, nas eleições do ano passado. Na visão dos partidos que o acusam, a pré-campanha de Sergio Moro à presidência da República teve gastos de mais de R$ 2 milhões. Isso fez com que ele tivesse mais visibilidade em relação aos concorrentes pela vaga de senador.
Esse investimento, somado aos gastos da corrida ao Senado, teria feito com que Moro gastasse, ao todo, mais de R$ 6 milhões na candidatura. O valor ultrapassaria o limite de gastos permitidos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que é de R$ 4,4 milhões para campanhas ao Senado.
Depoimento
O ex-juiz da Lava Jato e ex-ministro da Justiça prestou depoimento ao Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) na última quinta-feira (7). No depoimento, Moro só respondeu a perguntas feitas pelo magistrado responsável pelo caso, e não se manifestou nas questões feitas pelos advogados dos autores da ação: os diretórios estaduais do PL do ex-presidente Jair Bolsonaro e da Federação Brasil da Esperança, que inclui o PT, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Me sinto agredido e não me sinto confortável em participar de um teatro”, disse o congressista a jornalistas, depois da oitiva.
Durante o depoimento, o senador criticou as acusações contra ele. “A avaliação que a gente tem aqui um grande castelo de cartas. Primeiro, se fala muito em caixa 2. Nada disso foi provado dentro do processo. Nós temos uma ação que é proposta pelo PT, que tem uma animosidade política”, disse o congressista.
Ele também afirmou que não teve sua campanha ao Senado pelo Paraná beneficiada pelo fato de ter sido pré-candidato a presidente da República. “Foi exatamente o contrário”, disse Moro. “Foi um peso enorme nas costas e eu fui severamente atacado, né? Por semanas e depois disso. Me trouxe um grande desgaste político”.
Cassação
Se comprovadas as acusações, Moro pode ter seu mandato de senador cassado e ficar inelegível por oito anos. Mas cabe recurso após a decisão, tanto da parte de Moro, quanto da parte da acusação.
No caso positivo de cassação do mandato, seriam convocadas novas eleições para senador no Paraná. O pleito suplementar deverá ser marcado após o final do processo.
Entre os possíveis candidatos que vislumbram ocupar a vaga do ex-juiz estão o deputado bolsonarista Ricardo Barros (PP); a presidente do PT Gleisi Hoffman; o ex-senador Álvaro Dias (Podemos); e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), que poderá fazer a sua estreia política.