Em uma gravidez raríssima de cinco bebês, Sara Silva, de 18 anos, de Nilópolis, na Baixada Fluminense, deve repetir o exame que fez na semana passada para saber se pode estar esperando sêxtuplos. A mãe da jovem, Claudia Maria Campos, estava na sala de ultrassom quando o médico solicitou o retorno da gestante em uma nova consulta para confirmar se são mesmo cinco: existe a possibilidade de serem seis bebês.
“Depois que ele descobriu que eram cinco, ele congelou a imagem, tirou a foto e saiu da sala. Voltou e pediu para gente voltar na outra semana para fazer uma nova ultrassonografia para confirmar se realmente “só” tem cinco”, disse Claudia, enfatizando o “só”. Ela acredita que sejam realmente quíntuplos: “Eu não dei muita confiança para ele, não. Minha preocupação era ela, queria tranquilizar minha filha. Eu disse para ela confiar em Deus que vai dar tudo certo. E eu vi cinco”, conta.
Os quíntuplos de Sara dividem uma mesma placenta e bolsa gestacional, resultando em irmãos ou irmãs idênticos. O caso também surpreendeu o ginecologista e obstetra Rogério Gama, que fez a ultrassonografia Sara na semana passada.
“Ela era a minha penúltima paciente do dia. Fui investigando direitinho e vi que parecia ter mais de um. De cara não dava para ver que eram tantos. Eram cinco na mesma placenta. Isso é muito difícil de acontecer. Nunca mais vou ver isso na minha vida. Na imagem um deles não ficou muito claro. Existe a possibilidade de serem seis. No novo exame vai dar para identificar melhor”, disse o médico.
A chance de engravidar de quíntuplos idênticos é de uma para cada 60 milhões. A genética facilitou: na família do namorado de Sara e pai dos bebês, Renan Alves de Oliveira, de 20 anos, já existem quatro duplas de gêmeos.
“Meus irmãos tiveram gêmeos, então, eu até estava esperando que pudesse ter também. Mas cinco foi muito inesperado. Eu saí e entrei da sala de exame várias vezes enquanto o médico contava. Também passei mal de nervoso. Agora estou ansioso para ver os cinco com o mesmo rostinho”, conta o pai de primeira viagem.
Pela raridade, a gravidez pede cuidados especiais e pré-natal diferenciado. O obstetra informou que deve encaminhar o caso para a Maternidade Escola, da Universidade Federal do Rio, especializada em gestação gemelar.
“É uma fase muito inicial da gravidez, embrionária ainda. No caso dela, é uma gestação monocoriônica, em que os bebês dividem a mesma placenta; um embrião que se dividiu em cinco. É uma gravidez rara, o pré-natal demanda acompanhamento de uma equipe especializada”, explica o médico.
Surpresa no ultrassom
A estudante ficou sobressaltada quando escutou o médico contar até cinco ao mostrar um por um na imagem do computador.
“Quando ele falou que eram quatro eu já estava passando mal. No quinto eu nem ouvi”, conta Sara, que relatou a emoção de ouvir os batimentos cardíacos dos quíntuplos: “Os corações pareciam uma bateria de escola de samba”, brinca.
Sara está no terceiro ano do Ensino Médio, e Renan é soldado da aeronáutica. Ambos moram com os pais — ela em Niópolis, ele em Anchieta, na Zona Norte do Rio. Sem espaço suficiente para abrigar os cinco bebês que estão por vir, eles pensam em se mudar para uma casa maior.
Para ajudar com as despesas e o enxoval das crianças, eles fizeram uma vaquinha online onde arrecadam doações. Depois que o caso se tornou público, eles conseguiram R$ 16 mil.