Parlamentares bolsonaristas lançaram uma nova ofensiva contra a vacina da Covid-19 nos últimos dias. A ação ocorreu após o Ministério da Saúde incluir o imunizante no Programa Nacional de Imunizações (PNI). Bolsonaristas querem levar a ministra da Saúde, Nísia Trindade, à Câmara dos Deputados para pressioná-la contra a vacinação obrigatória de crianças de 6 meses a 5 anos de idade.
Pelos menos três requerimentos pedindo a convocação da chefe da Saúde já foram protocolados na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle (CFFC), um dos “bunkers” bolsonaristas no Congresso. A iniciativa é capitaneada pelos principais aliados de Jair Bolsonaro na Casa. Dentre eles, o filho do ex-presidente, Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que chamou a vacinação de “ataque frontal contra a família”.
“Certamente este é o principal assunto deste ano. Nunca um ataque foi tão frontal contra a família e a liberdade geral. Se executada mesmo esta política em 2024, para picar bebês de 6 meses de vida, fica confirmada que pais sequer têm poder sobre aquilo que será injetado no sangue de seus filhos. Estará aberta a porteira para absolutamente qualquer coisa, bastando apenas um desculpa para deixar sem ação parte da população”, afirmou Eduardo em seu X (antigo Twitter).
Há também requerimentos de convocação de Nísia assinados por bolsonaristas como o líder da oposição, Carlos Jordy (PL-RJ); a presidente da CFFC, Bia Kicis (PL-DF), e Nikolas Ferreira (PL-MG).
Nos requerimentos, eles voltam a colocar a vacina em xeque. Jordy, por exemplo, diz que a “imunização precoce” pode “fomentar ao longo do tempo a mutação genética do vírus na forma de novas cepas”.
Alguns aliados de Jair Bolsonaro avaliam que a atuação do ex-presidente da República durante a pandemia foi decisiva para a derrota dele para Lula nas eleições do ano passado. Na ocasião, auxiliares de Bolsonaro pediram um “mea-culpa” pelos possíveis erros cometidas na gestão da pandemia, que resultou em mais de 700 mil mortos pela Covid-19.
Vacinação em 2024
A partir do ano que vem, a dose da vacina contra a Covid-19 passará a fazer parte do PNI (Programa Nacional de Imunizações).
A recomendação do Ministério da Saúde é que estados e municípios priorizem crianças de 6 meses a menores de 5 anos e grupos com maior risco de desenvolver formas graves da doença: idosos; imunocomprometidos; gestantes e puérperas; trabalhadores da saúde; pessoas com comorbidades; indígenas, ribeirinhos e quilombolas; pessoas em instituições de longa permanência e trabalhadores; pessoas com deficiência permanente; pessoas privadas de liberdade; adolescentes e jovens cumprindo medidas socioeducativas; funcionários do sistema de privação de liberdade; e pessoas em situação de rua.