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Pai da Soja fica em silêncio durante depoimento à CPMI dos atos de 8 de janeiro

Empresário foi convocado por estar na lista de suspeitos de financiarem os atos

Publicada em 04/10/2023 as 06:05h por Redação O Sul
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 (Foto: Lula Marques/Agência Brasil)

O empresário Argino Bedin, conhecido como “Pai da Soja”, não respondeu aos questionamentos de parlamentares, nesta terça-feira (3), durante sessão da Comissão Parlamentar de Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos antidemocráticos de 8 de janeiro.

Bedin foi convocado por estar na lista de suspeitos de financiarem os atos. O empresário do agronegócio foi à CPMI protegido por um habeas corpus do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli, que deu a ele o direito de não responder a perguntas que poderiam incriminá-lo.

“Argino Bedin é um latifundiário sócio de pelo menos nove empresas e teve as contas bloqueadas por decisão do ministro Alexandre de Moraes”, informa o requerimento do deputado Carlos Vera (PT-PE) aprovado na Comissão.

A relatora da Comissão senadora Eliziane Gama (PSD-MA) disse na sessão que os alertas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) enviados à CPMI apontaram que, logo após o resultado da eleição, foram enviados à Brasília 272 caminhões, sendo 72 vindos da cidade de Sorriso (MT), onde ficam as fazendas do empresário. Desses, 16 caminhões eram de propriedade de Bedin ou de membros da sua família.

A parlamentar também citou uma série de atos violentos em Sorriso ou próximo ao município no entorno das fazendas de propriedade de Benin, todas localizadas na BR-163.

“No dia 5 de novembro, a Abin faz um alerta de que 180 caminhões originados da cidade de Sorriso já estavam se direcionando para Brasília. No dia 19 de novembro, houve tentativa de explosão da BR-174 em Comodoro, em Mato Grosso, com a intenção de danificar a rodovia, destruindo um duto que passa sob o trecho. Ainda nesse mesmo mês, no dia 19, em Lucas do Rio Verde, cidade vizinha de Sorriso, um grupo atacou a base de uma concessionária e ateou fogo com gasolina”, relatou Eliziane.

Gama ainda destacou que a Associação dos Produtores de Soja e milho de Mato Grosso do Sul (Aprasoja) está entre os grupos ligados ao chamado Movimento Brasil Verde e Amarelo, que convocou manifestações contra as eleições no Brasil.

“Eu teria aqui, na verdade, várias perguntas a fazer porque o Movimento Verde Amarelo recebeu dinheiro, e não foi pouco dinheiro. Ou seja, todas essas manifestações que ocorreram eram subsidiadas”, completou.

Representantes da oposição saíram em defesa do empresário. O deputado Delegado Ramagem (PL-RJ) disse que Bedin deve ser celebrado por ter “construído um império do agronegócio”.

“O senhor está sendo tratado como se fosse responsável por esses vândalos que depredaram o patrimônio público”, afirmou.

Já o deputado Filipe Barros (PL-PR) prestou solidariedade ao empresário acusado de financiar os atos.

“O empresário exemplar para o nosso país, como Argino Bedin, eventualmente ajuda mais uma dessas manifestações. Só que nessa manifestação deu no que deu no dia 8. Ele pode ser responsabilizado por isso? Óbvio que não”, argumentou.

Os atos antidemocráticos tiveram início após a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em outubro de 2022, após o segundo turno das eleições presidenciais, quando grupos bloquearam rodovias e acamparam em frente a quartéis de todo o País.




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