A Polícia Federal (PF) quer analisar os dados bancários do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e avaliar todas as medidas legais à disposição, incluindo bloqueio de contas, bens e, eventualmente, prisão, afirmou uma fonte da cúpula da corporação à CNN. A PF age com cuidado no caso, não colocando precipitadamente o ex-chefe de Estado no centro da suposta organização criminosa que teria desviado e vendido ilegalmente joias recebidas pelo governo brasileiro.
Entretanto, a fonte pontuou que a corporação não evitará medidas mais rígidas devido à opinião pública e que “não nos guiamos por política”. “Nada está descartado”, colocou.
Informalmente, a Polícia Federal diz que, se houver motivo ou suspeita de que Bolsonaro atrapalhará as investigações, a corporação deve agir dessa maneira, conforme pontuou Raquel Landim.
Quebra de sigilo
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes autorizou a quebra os sigilos bancário e fiscal da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Brasil e no exterior.
A determinação atende um pedido feito pela Polícia Federal (PF). A reportagem procurou a defesa de Bolsonaro e aguarda retorno.
Michelle se pronunciou em publicação nos stories do Instagram e disse: “Pra quê quebrar meu sigilo bancário e fiscal? Bastava me pedir! Quem não deve, não teme!”
“Fica cada vez mais claro que essa perseguição política, cheia de malabarismo e inflamada pela mídia, tem como objetivo manchar o nome da minha família e tentar me fazer desistir. Não conseguirão! Estou em paz!”, completou.
Segundo apurou a CNN, a decisão também afeta as contas no Brasil e exterior do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, e seu pai, o general da reserva Mauro César Lourena Cid.
O pedido da PF sobre as contas no exterior foi feito por meio do Acordo de Cooperação Internacional com o governo dos Estados Unidos.
A suspeita é de que as contas teriam sido usadas para recebimento de valores relativos a vendas de presentes de alto valor recebidos por agentes públicos brasileiros de autoridades árabes.
Mauro Cid
O general Mauro Lourena Cid não pode mais visitar o filho, o tenente-coronel Mauro Cid, na prisão. Eles estão proibidos de manter contato porque passaram a ser investigados no esquema de venda e recompra de joias dadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro por autoridades estrangeiras.
A decisão que impede as visitas é do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator do inquérito.
É comum que investigados sejam obrigados por ordem judicial a cortar contato para evitar uma eventual tentativa de combinar versões ou obstruir o trabalho de investigação.
Mauro Cid foi preso preventivamente em uma outra investigação, sobre a falsificação de dados de vacinação da covid, por isso não havia impedimento para as visitas do pai.
O cenário mudou quando o general foi implicado no novo inquérito, sobre a negociação ilegal de presentes diplomáticos. Os dois são investigados inclusive por organização criminosa.
A Polícia Federal (PF) afirma que o tenente-coronel negociou joias e relógios nos Estados Unidos com a ajuda do pai. As contas do general teriam sido usadas para repassar o dinheiro que entrou com a venda dos presentes.