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Paciente que teve remissão de câncer com terapia celular volta andando para casa depois de deixar a cidade de UTI móvel

Paulo Peregrino foi levado em estado grave há 4 meses de Niterói (RJ) à capital paulista para tratamento com as próprias células de defesa modificadas em laboratório. Com a doença avançada, o paciente vivia com morfina e mal conseguia caminhar

Publicada em 11/07/2023 as 15:04h por Por Carlos Henrique Dias e Anselmo Caparica, g1 SP e TV Globo ? São Paulo
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 (Foto: Carlos Henrique Dias/g1)

Se essa história virar um livro, o título poderia ser: "O retorno do Peregrino". Quatro meses depois de deixar Niterói, no Rio de Janeiro, de UTI móvel, Paulo Peregrino, o paciente que passou por um tratamento considerado revolucionário no combate ao câncer, voltou para casa caminhando e trazendo as próprias malas.

 

O publicitário combatia o câncer havia 13 anos e teve remissão completa do linfoma em 30 dias com CAR-T Cell (entenda o método abaixo). Paulo estava prestes a receber cuidados paliativos quando, entre março e abril, foi o 14º paciente a ser tratado pela terapia, em São Paulo.

 

A técnica combate a doença com as próprias células de defesa do paciente modificadas em laboratório e faz parte de um estudo que usa verbas da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

 

Aos 61 anos, no último sábado, Paulo fez as malas e pegou um ônibus de São Paulo a Niterói com a esposa e a prima dela. O g1 acompanhou as mais de 6 horas de viagem até o momento da chegada na casa.

 

Carregar as malas sozinho tem um significado importante ao publicitário. Em 2022, ele mal andava e não conseguia colocar o tênis com o inchaço na perna direita.

 

Na porta, o filho, de 29 anos, esperava o pai. A cadela Aretha estava no quintal e só reconheceu o dono depois de uma cheirada e uma lambida.

 

 

Paulo recebe um abraço do filho, Gabriel — Foto: Carlos Henrique Dias/g1

Paulo recebe um abraço do filho, Gabriel — Foto: Carlos Henrique Dias/g1

 

 

"Quando você deita assim é porque está reconhecendo. Quando você deixa fazer isso [coçar a barriga] é porque está me reconhecendo", brinca Paulo.

 

O câncer de Paulo está em remissão. Os especialistas consideram "cura" depois de ao menos cinco anos sem indícios da doença.

 

 

Cadela reencontra Paulo depois de 4 meses — Foto: Carlos Henrique Dias/g1

Cadela reencontra Paulo depois de 4 meses — Foto: Carlos Henrique Dias/g1

 

 

 

CAR-T Cell brasileiro

 

 

No total, 15 pacientes participaram da mesma pesquisa com a terapia experimental que Paulo passou. O método tem como alvo três tipos de cânceres: leucemia linfoblástica B, linfoma não Hodgkin de células B e mieloma múltiplo, que atinge a medula óssea. O protocolo contra mieloma múltiplo ainda não está disponível no país.?

 

 

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  • 10 estão vivos;
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  • 6 tiveram remissão completa e a doença não voltou;
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  • 2 tiveram remissão completa, mas a doença voltou depois de alguns meses;
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  • 2 iniciaram o tratamento recentemente.
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  • 5 pacientes faleceram;
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  • 2 morreram poucos dias depois da infusão por infecções causadas pela própria doença;
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  • 2 tiveram remissão parcial ou total dos tumores, mas morreram meses depois porque o câncer voltou;

 

 

Vamberto Luiz de Castro, o primeiro paciente a realizar o tratamento em 2019, teve remissão total, mas morreu pouco tempo depois em um acidente doméstico.

 

O coordenador da pesquisa e do Centro de Terapia Celular CEPID-USP e do Núcleo de Terapia Celular do Hemocentro de Ribeirão Preto, Dimas Covas, quer ampliar os estudos no mês que vem.

 

"Continuamos, sim, com a inclusão de pacientes com estudos compassivos e esperamos em breve ter autorização da Anvisa para iniciar o estudo clínico. Estudo clinico de fase 1 e fase 2 que pretenda incluir 81 pacientes. Esperamos aprovação ainda em julho para que em agosto possamos iniciar esse estudo mais abrangente."

 

 

 

O que diz a Anvisa

 

 

Segundo a Anvisa, em nota nesta terça-feira (11), diz que aguarda as últimas documentações dos desenvolvedores e mantém as discussões com as equipes e continuará a "dedicação para promover o mais rápido possível as condições regulatórias para o início dos ensaios clínicos".

 

 

"O referido processo está priorizado na Agência, que tem disponibilizado equipes dedicadas de forma a acelerar o início do ensaio clínico, com segurança e com foco em produzir dados confiáveis para uma futura aprovação para uso populacional, a depender dos resultados obtidos.

 

Os pesquisadores da Fundação Hemocentro de Ribeirão Preto (HRP) em parceria com o Instituto Butantan estão desenvolvendo um produto de terapia gênica do tipo CAR-T que pretende modificar geneticamente células T (de defesa) do paciente para combater células tumorais, como tratamento para determinados tipos de leucemias e linfomas. O produto está em fase de finalização de estudos pré-clínicos, ou seja, faltam ainda dados de segurança e qualidade a serem obtidos, bem como finalização do processo de produção para uso do produto em humanos.

 

Neste sentido, considerando o avanço dos estudos, a relevância como desenvolvimento nacional para o Sistema Único de Saúde, a Anvisa, por meio de edital público de chamamento, publicado em novembro de 2022, selecionou o projeto do produto de HRP/Butantan, para aplicar processos de cooperação e aceleração de avaliação regulatória.

 

Assim em janeiro de 2023, foram submetidos pelo HRP/Butantan para a Anvisa os primeiros documentos do projeto.

 

A partir daí, inúmeras reuniões e avaliações começaram a ser realizadas entre Anvisa e as equipes de pesquisadores das instituições relacionadas. Foi adotado um processo de submissão contínua de documentos, ou seja, à medida que as empresas produzem os dados e organizam as documentações são submetidas a Anvisa.

 

 

Neste processo a Agência vai avaliando e contribuindo simultaneamente ao desenvolvimento do produto. Também estão participando desta avaliação regulatória os integrantes do Comitê Técnico de Terapias Avançadas da Anvisa, por meio da Rede Nacional de Especialistas em Terapias Avançadas (RENETA), como consultores ad hoc, com reconhecida expertise no assunto."




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