A presença de câmeras de televisão, holofotes e uma longa fila de fotógrafos e jornalistas na entrada do plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deu a dimensão da importância julgamento da ação que pedia a inelegibilidade e cassação da chapa presidencial de Jair Bolsonaro.
Ao marcar a análise das ações, o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, havia articulado previamente junto aos colegas para que a análise fosse concluída antes do recesso, apesar da pressão de Bolsonaro para pedidos de adiamento por parte dos ministros Nunes Marques e Raul Araújo, tidos como “aliados”.
Apontado como ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) com “superpoderes”, por ter em suas mãos casos de grande impacto, especialmente os que envolvem Jair Bolsonaro, o ministro Alexandre de Moraes tende a submergir um pouco em um futuro não muito distante, avaliam seus colegas da corte.
Esse processo, segundo magistrados do Supremo ouvidos pela coluna, deve se dar pelo esgotamento natural de ações que Moraes concentra e que estão sendo julgadas. Um dos processos de maior impacto ligados ao ministro, que é presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), foi a decretação da inelegibilidade de Bolsonaro, decretada nesta sexta-feira. O placar foi de 5 a 2 contra o ex-presidente.
A avaliação de colegas de Moraes no Supremo é que, até o fim do ano, outros dois casos envolvendo Bolsonaro devem ser julgados no TSE. Além disso, o próprio ministro tem dito que vai encerrar os casos mais graves envolvendo investigados do 8 de janeiro em seis meses.
A leitura no Supremo é que, com os processos de maior repercussão sendo finalizados, em paralelo à retomada de uma relação institucional com os demais poderes, em especial o Executivo, a tendência é que Moraes deixe de assumir tanto protagonismo.
O papel do ministro para a manutenção das eleições de 2022 e do estado democrático, especialmente como presidente do TSE, é destacado e reconhecido pelos colegas do STF.
Último voto
Alvo principal de Jair Bolsonaro, Alexandre de Moraes foi o último a votar e deu as declarações mais fortes para condenar o ex-presidente. Ao fim do último dia de julgamento, quando os demais colegas já se preparavam para deixar o plenário, ouviu-se um grito: um pedido para que Moraes tirasse foto com estudantes que haviam acompanhado a sessão. O presidente da Corte chegou a deixar o local, indicando que frustraria seus “fãs”, mas voltou logo em seguida e posou, com direito a selfie com uma das alunas. Despediu-se deles com um sorriso e disse que eles havia pego “um julgamento bom”.