Redes Sociais

Encontre o que deseja

    Brasil

Tive câncer de estômago com 5% de chance de sobrevivência. Me curei e fundei uma franquia de salões

Michelle Wadly é co-fundadora da Fast Escova

Publicada em 12/05/2023 as 15:23h por Por Camila Gomes, redação Marie Claire ? São Paulo
Compartilhe
   
Link da Notícia:
 (Foto: Divulgação)

"O ano era 2009, e eu estava havia nove meses desempregada. Foi a primeira vez que eu senti a dor de não conseguir um trabalho no mercado. Comecei, então, a vender roupas e a me descobri nesse universo. Entendi que poderia gerar renda mesmo sem mesmo estar associada a uma empresa.

Finalmente, consegui um trabalho. Mas, em 2013, eu tive um problema de saúde. O corpo conta para a gente quando as coisas não estão certas. Descobri um câncer de estômago e me deram seis meses de vida. É um tumor que mata muito rápido --geralmente quando é descoberto, já está muito avançado. Mas, como eu fiz em um exame de rotina, fui diagnosticada com o tumor ainda pequeno. Vinte e cinco dias depois, quando operei, o câncer já tinha tomado todo o meu estômago. E precisei retirá-lo por inteiro.

Até então, eu agi com muita fé, muita crença. Após a cirurgia, que é muito dolorosa, eu cheguei a pesar 42 kg. Isso me debilitou muito e me deixou em depressão. Passados 22 dias, saiu o resultado da biópsia, e fiquei curada por um milagre mesmo. Foi algo sobrenatural na minha vida. Não precisei fazer quimioterapia, os médicos ficaram sem entender aquela situação.

Após quatro meses, consegui finalmente voltar às minhas atividades normais, fazer terapia e não deixar de sonhar com o propósito de ser mãe, por mais que naquele momento eu tivesse recebido um diagnóstico do médico dizendo que eu não poderia ser. Repensei a minha vida e planejei uma transição de carreira.

Depois de anos voltei a tentar engravidar, mas não conseguia. Naquele momento, o médico falou que realmente era melhor não insistir, até pela minha saúde. Em 2015, fui fazer uma fertilização in vitro, engravidei de gêmeas, porém, com cinco meses e meio eu perdi. Tive um problema no útero. Descansei e, três meses depois, fui para uma viagem de aniversário de casamento com meu marido e engravidei da Manuela, que é um presente de Deus.

Tive uma gestação tranquila, Manuela nasceu uma criança extremamente saudável, porém, no momento em que ela nasceu, eu senti que tinha algo diferente. Quando saí da maternidade, percebi que ela não fazia contato visual. Comecei a minha trajetória de buscar saber se minha filha tinha alguma coisa, passei por vários médicos. A médica bateu o olho nela e, como já tinha experiência, ela falou: 'Sua criança é especial e vou chutar que ela tem uma síndrome rara chamada palesperquial'.

Naquele momento, meu chão se abriu. Fizemos vários exames e, de fato, foi detectado que ela tinha exatamente essa síndrome. Na época, em 2016, só havia 16 casos no mundo, e o diagnóstico da minha filha era vegetativo.

Foi nesse momento que eu decidi deixar a Avon, empresa em que trabalhava havia 11 anos e onde já era uma grande executiva, com um alto salário. Abri mão disso porque, naquele momento, eu senti que precisava desse tempo para cuidar da minha filha.

Eu entendi também que o meu ciclo no universo de CLT tinha se encerrado. Quando eu fui pensar nisso, o que mais me vinha à cabeça era o seguinte: 'Eu preciso de trabalhar, mas quero escolher o meu horário. Então, vou buscar algo em que eu possa empreender'.

Fiz um acordo com a empresa, saí em janeiro de 2017. Nenhum sucesso vale o fracasso da sua família. Esse é meu princípio de vida. Eu fiquei um tempo parada cuidando da Manuela, e aquela menina que recebeu um laudo vegetativo hoje anda, brinca, está na aula de música e estuda. Ela tem as suas dificuldades, ainda não fala, mas nos ensina muito todos os dias.

Em outubro de 2017, a Márcia, que trabalhou comigo, me chamou para ser sua sócia. Ela tinha montado uma escola de estética, onde treinava e capacitava mulheres para o mercado como manicures e cabeleireiras. E me chamou para ser sócia porque não estava dando conta de cuidar de um empreendimento novo sozinha. Meu marido me ajudou financeiramente a comprar metade da empresa e fomos empreender.

Sempre foi desafiador. Nunca foi fácil, mas eu sempre tive um alvo. Eu sempre acreditei que eu podia dar um novo rumo à minha história e tinha vontade de fazer algo maior, de ter o meu negócio.

 

Teve um dia em que marcamos um treinamento com a equipe da escola no domingo. No sábado, foi tudo corrido e, quando tentei agendar salão, não consegui horário. Quando finalmente encontrei um que tinha horário, o preço era muito caro. Quando cheguei ao treinamento, no dia seguinte, a Márcia, minha sócia, estava do mesmo jeito que eu: desarrumada.

Durante a conversa, o rapaz falou: 'A grande virada de chave, o grande negócio que você vai fazer é quando pegar a sua dor e transformá-la em negócio. E aí vai suprir a dor do outro’.

Em 15 minutos, eu desenhei a Fast Escova, que era uma ideia justamente para resolver essa 'dor': salões com serviços rápidos, com preço acessíveis. Às vezes, você tem uma ideia, mas não adianta nada se ela não for executada. Mas eu contei para a Márcia, que virou para mim e falou 'Vamos!'.




Nosso Whatsapp

 

Visitas: 3473108 | Usuários Online: 286

Copyright © 2019 - Grupo Art Mídia Comunicação - Todos os direitos reservados